Do CNTE,
A preocupação com a saúde mental dos trabalhadores em educação e as ameaças aos direitos das mulheres pautaram as declarações de representantes da CNTE no 10º Congresso Mundial da Internacional da Educação (IE).
Nesta quinta-feira, 1º de agosto, penúltimo dia de Congresso, a secretária-Geral da Confederação, Fátima Silva, chamou a atenção para os ataques de políticos extremistas contra os direitos das mulheres no trabalho, nos espaços e sobre seus próprios corpos.
“Estão esparramados em todos os continentes e atacam a todos, ao estado de direito, e ainda mais às mulheres. Querem nos mandar de volta para os espaços privados quando nós mulheres conquistamos o espaço público. Querem atacar o pouco do direito sexual reprodutivo que conquistamos no estado. Não querem nos dar o direito ao nosso corpo”, lamenta Fátima.
“É esse mesmo extremismo que quer tirar o direito das mulheres de ter salários iguais aos de homens que desempenham os mesmos trabalhos. E será contra eles que as mulheres e homens de bem irão resistir, para derrotá-los na política e devolver o estado de bem para todo o povo, por meio da democracia representativa do voto, os derrotando nas ideias, com construção coletiva e solidária”, completa.
Saúde mental dos educadores
Outro tema destacado no Congresso da IE foi a saúde dos trabalhadores da educação como prioridade para alcançar uma educação de qualidade.
Presente na cerimônia com a comitiva da CNTE, a secretária de Finanças, Rosilene Corrêa, alertou sobre o adoecimento mental dos trabalhadores/as em educação.
“Estamos assistindo uma categoria em processo de adoecimento mental que, às vezes, chega até a comprometer a vida dessas pessoas. Tal situação se dá devido ao acúmulo de fatores que passam pelos baixos salários, ocasionando endividamentos, jornada de trabalho muito pesada e ataques à nossa autonomia pedagógica”, disse.
“O quadro nos chama atenção e precisamos ter como uma das prioridades em nossas negociações a cobrança por políticas de cuidados com nossa saúde”, reforçou a dirigente.
Engajamento dos mais jovens
O Congresso também discutiu a participação de educadores jovens e de mulheres para as organizações sindicais defensoras da educação.
Segundo a IE, frente à evolução dos cenários educativos e às necessidades em se ter uma representação sólida, as organizações sindicais estão liderando um movimento dinâmico para firmar suas influências e aumentar o número de membros engajados nas lutas.
Durante o painel “Organizar para o Poder”, as representações sindicais foram reunidas para deliberar estratégias não só para retenção, mas também para atrair mais filiados. “Como uma organização de organizações, a IE é tão forte quanto os seus membros. Quanto mais fortes os membros da IE forem, mais forte será a federação será”, ressaltou Manuela Mendonça, da Federação Nacional dos Professores Portugueses (FENPROF) e membro do Conselho Executivo da IE para a Europa.
Considerando que o maior número de membros filiados nos sindicatos também significa um êxito para o diálogo social, Manuela reforçou que, “se quisermos crescer, temos de ter um plano para manter os membros no sindicato e mantê-los ativos. Atrair novos membros e encorajá-los a tornarem-se ativos exige esforços permanentes. Não podemos continuar esperando que os professores filiem-se aos sindicatos sem os convencer de que isso os ajudará diretamente – individualmente – ou indiretamente – enquanto parte da profissão docente.”
“Isto significa um esforço permanente para sermos inclusivos, transparentes, democráticos, para comunicarmos eficazmente, para cuidarmos dos membros representantes e para prestarmos contas”, reforçou.
Para a Internacional da Educação, “a força de um sindicato é diretamente proporcional à dimensão dos seus membros, o que, por sua vez, aumenta a sua capacidade de diálogo social e político eficaz com os empregadores, conduzindo a resultados favoráveis para a profissão”. Um sindicato com um bom número de filiados têm maior autonomia e capacidade para elaborar estratégias a longo prazo.”