Na véspera da sexta-feira Santa, feriado de Páscoa, os trabalhadores em educação do Brasil inteiro aprovaram e rejeitaram nesta manhã algumas emendas que nortearão o setor nos próximos dez anos. O evento contou com a participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A I Conferência Nacional de Educação termina hoje (1) e deixa uma página registrada na história.
No auditório Master do Centro de Convenções, em Brasília, passava das 10h, quando estava formada a mesa pelos responsáveis em coordenar cada plenária de eixos. O presidente do Sintepe, Heleno Araújo esteve presente.
Era o momento de começar as votações. Entre os pontos aprovados no eixo II que tem como tema: Qualidade da Educação, Gestão Democrática e Avaliação está no parágrafo 88, é fundamental definir dimensões, fatores e condições de qualidade a serem considerados como referência analítica e política na melhoria do processo educativo e, também, consolidar mecanismos de acompanhamento da produção, implantação, monitoramento e avaliação de políticas educacionais e de seus resultados, visando a produzir uma formação de qualidade socialmente referenciada, nos diferentes níveis e modalidades dos setores público e privado.
No terceiro eixo com denominação: Democratização do Acesso, Permanência e Sucesso Escolar, foi rejeitado o item do parágrafo 129. As condições de trabalho estão asseguradas, porque as situações, de aprendizagem (envolvendo a pesquisa e a extensão) são cotidianamente produzidas e, ainda, porque os estudantes conseguem ter uma perspectiva ampla de formação e de sucesso quanto ao seu futuro, destacando se o processo de continuidade dos estudos, pesquisa e inserção profissional.
Terminado o processo, com poucas intervenções, foi anunciada a chegada da comitiva do presidente Lula. Cercado pela senadora Fátima Cleide, pelo deputado Carlos Abicalil, pelo ministro da educação Fernando Haddad e outros, sob fortes aplausos e gritos de “olê, olé, olá, Lula lá, Lula lá” o tão esperado Luiz sobe ao palco.
Fernando Haddad enfatizou os investimentos feitos na educação, a dívida histórica que o país tem no setor e propôs ao presidente elaborar uma mesa de discussão com entidades que representam os profissionais da educação para discutir a não aplicação do Piso. E bradou “Os Estados que não estiverem cumprindo com a Lei do Piso, precisamos ver o que vamos fazer”. Uma das educadoras gritou da plateia, leva ao Supremo Tribunal Federal. O ministro apenas riu.
Logo depois, Lula leu o discurso e disse “Vou ler porque já recebi vários processos. Vai terminar eu tendo que trabalhar o resto da minha vida só para pagar”. O discurso começou sem formalidades, como é de costume. Segundo Lula, Haddad vem desempenhando um papel de extrema importância a frente do Ministério e dispara “Fernando caiu do céu”. Lula demonstra o tempo inteiro estar emocionado, convicto e com a voz embargada pontua “Fizemos na educação o que em oito anos não fizeram. Para falarem de mim, vão ter que trabalhar muito”. Lula agradece o carinho e como um homem religioso diz “Deus abençoe vocês”.
Os trabalhadores em educação despedem-se do presidente a uma só voz “Lula, guerreiro do povo brasileiro”. Agora à tarde, os presentes voltaram para o mesmo auditório para terminar de aprovar ou rejeitar as emendas do eixo IV, V e VI.
Trabalhadores do Sintepe entregaram ao presidente Lula, um envelope fechado contendo uma moção de repúdio e uma carta da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT/PE). O objetivo foi levar a conhecimento do presidente a real situação dos profissionais de educação do Estado. O relógio passava das 19h quando a plenária final chegou ao fim. Depois dos aplausos, os agradecimentos, principalmente a Francisco Chagas, um dos organizadores da CONAE. Com os olhos cheios de lágrimas ele agradeceu e estava encerrada a Conferência que durante cinco dias transformou o cerrado brasileiro em um grande palco de debates e deliberações sobre o futuro do Brasil.