Subprodutos
Minimizada a euforia das oportunidades de empregos em Suape, diga-se de passagem, bastante trombeteada pelo governo do Estado como alavanca de pesquisa eleitoreira, são mais que oportunas algumas reflexões não só no aspecto econômico, mas também ao educacional.
O Estado tem demandas de mão-de-obra muito grande em vários setores como no Estaleiro, Construção Civil, Refinaria, etc. Tanto é assim que no apagar das luzes de 2009 o Estaleiro Atlântico Sul trouxe via internet, aproximadamente 80 trabalhadores do Japão, com alta especialização para dar conta dessas demandas.
Mas quem pensa que esse é um fato isolado engana-se, pois os empresários precisam contratar profissionais de fora para suprir a falta de formação da nossa mão-de-obra.
Em uma pesquisa da Fundação Dom Cabral, o Professor Paulo Rezende que realizou o levantamento esclarece que essas dificuldades não são vividas apenas pelo Estaleiro Atlântico Sul mais por 67% de empresas de vários setores no país e que a tendência é a transformação em um gargalo de sérias conseqüências. Além disso, a deficiência na construção civil em Pernambuco é tanta que as empresas do setor imobiliário estão partindo para treinar os seus empregados na intenção de diminuir a demanda.
Pelo visto, se o Estado não fizer a sua parte para formar os nossos jovens com qualidade, a tão sonhada salvação do emprego em Suape, vai reservar para esses mesmos jovens apenas os piores postos de trabalhos, aumentando a distância de exclusão entre os que vêm de fora e os nativos.
O governo anterior não fez, e este constrói apenas um marketing eleitoreiro na Educação com treinamento aligeirado esquecendo-se que em educação o retorno, para ser seguro ocorre a médio e longo prazo. Será que vamos continuar a formar em nossas escolas subprodutos facilmente manipulados por governos excludentes?
Na verdade, não podemos esperar outra coisa de um Estado onde o seu modelo de gestão gerencial aplicado à educação foi reprovado pelo 11º ano consecutivo, recebendo nota média de 3,33 em 2009 numa escala de 0 a 10. Lembrando que a média de aprovação na rede estadual é 6,0. Portanto, o Estado foi reprovado mais uma vez.
Edeildo de Araújo
Diretor da Secretaria do Interior do SINTEPE.