Da CNTE
Depois de quatro dias reunidas com mulheres de todos os continentes, entre os dias 13 e 16, trabalhadoras da educação no Brasil afirmam que saíram do encontro mais fortalecidas para lutar por um mundo mais justo.
Para Yara Manolaque, secretária de Gênero do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Educação de Pernambuco (Sintepe/PE), na 4º Conferência Mundial de Mulheres foi possível identificar como o patriarcado e o racismo estruturais afetam as mulheres de forma intensa e a depender do continente a opressão é ainda maior. Segundo ela, o encontro também aponta que a luta feminista precisa ser internacional, anticapitalista e antirracista. “Assim, a auto-organização da mulheres e o diálogo plural nos espaços educacionais com nossas/os estudantes são caminhos para enfrentar tantos ataques reacionários”, afirma ela.
A 4ª Conferência Internacional das Mulheres da Educação, que aconteceu pela primeira vez no formato virtual devido à pandemia de Covid-19, teve troca de ideias e experiências e muito debate sobre estratégias para promover a igualdade de gênero e organizar a luta em defesa de políticas específicas para as mulheres nos processos de negociação sobre o trabalho com governos dos seus respectivos países por meio dos sindicatos.
‘Discutir questões que se entrelaçam com gênero e educação abre nossa perspectiva por um mundo melhor. Ao encontrar parceiras de luta, que estão em todos os lugares no cotidiano nas escolas ou em espaços formativos, nos fortalece. Ao nos olhar, mesmo que pela rede, nos acolhemos e reacendemos a chama da luta! Viva a luta das mulheres’, disse Graciele Fabricio, do Sindicato dos Professores da Rede Pública Municipal de Ijuí/RS – APMI.
A secretária geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Fátima Silva, que é também vice presidenta da Internacional da Educação para América Latina (IEAL), disse que o debate foi sobre o papel da mulher na sociedade e na educação enquanto profissionais, principalmente na pandemia.
Além disso, uma rede de mulheres da educação de todo o mundo discutiu também o espaço em que as elas trabalham dentro dos sindicatos, sempre antenada aos debates sobre o contexto mundial, como o clima, diversidade, macroeconomia, mercantilização e privatização da educação. “A Conferência unifica as mulheres trabalhadoras da educação de todo o mundo e a gente faz um intercâmbio social, econômico e político na perspectiva de cada continente. É um momento de socialização e expectativa e também de relação com a política interna na Internacional da Educação e suas filiadas”, destaca.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, uma das maiores mudanças dentro dos sindicatos em todo o mundo – desde a década de 1970 – é o aumento do número de mulheres. Elas superam os homens nos sindicatos em muitas partes do mundo e o número de mulheres sindicalizadas continua a crescer em quase todos os países. “A gente vai se encontrar para fortalecer mais essa integração mundial da América Latina e de todas as regiões do mundo”, destaca Fátima.
A 4ª Conferência Mundial de Mulheres, gratuita e aberta para todos/as filiados/as da Internacional da Educação, foi transmitida em inglês, francês, espanhol, português, árabe e russo. Para a presidenta da Federação dos Trabalhadores em Educação do Mato Grosso do Sul (FETEMS), Deumeires Morais, foi uma oportunidade para que a FETEMS, junto com as demais entidades de vários países, debata, reflita e troque experiências sobre a promoção ao direito universal à educação para todos e todas.
“E para que possamos ter estratégias também para a promoção da igualdade de gênero por meio dos sindicatos”, destacou.
Violência de gênero
Fátima Silva participou do painel “Erradicar a violência de gênero é uma missão sindical”, no qual os palestrantes trocaram pontos de vista sobre o papel das organizações sindicais de educação diante da violência de gênero. A dirigente refletiu no seu discurso sobre o papel dos sindicatos da educação na sociedade.
“Como sindicatos somos parte da sociedade e a questão da violência contra a mulher é um assunto de toda a sociedade e é necessária uma política de Estado efetiva, com leis de combate à violência contra a mulher. Isso nos dá autonomia sobre nossos corpos e sobre nossas vidas. Exigimos que as leis sejam eficientes e exigimos espaços de paz e respeito a todas as mulheres no trabalho e na sociedade em geral”.
Ela também compartilhou dados alarmantes sobre o número de vítimas de feminicídio na América Latina e destacou sua preocupação com o aumento dos índices de violência de gênero no contexto da pandemia de Covid-19.
Diante desse cenário, reiterou a urgência dos sindicatos exigirem que os governos implementem políticas públicas voltadas para as mulheres e de combate à violência de gênero.
“A ratificação da Convenção 190 da OIT é um dos passos que os governos da América Latina e do mundo inteiro devem dar para garantir um piso mínimo que garanta o direito ao trabalho livre de violência e assédio”.
Usando o poder das mulheres para a mudança: liderança e tomada de decisão, Usando o poder das mulheres para a mudança em tempos de Covid-19, Erradicação da violência de gênero: um apelo à ação e Olhando para o futuro foram os temas dos principais debate da atividade, que foi organizada pela Internacional da Educação (IE).