O Sintepe esteve presente no XII Encontro Redestrado Brasil (Rede Latino-Americana de Estudos sobre Trabalho Docente), realizado entre os dias 12 e 14 de novembro, em Belo Horizonte-MG. A diretora para Assuntos Educacionais do Sintepe, Marília Cibelli representou o sindicato, que foi o único presente no evento. O tema central foi “Direito à educação e valorização docente: prioridade nacional?”.
A abertura ocorreu no dia 12, com a conferência intitulada “O futuro do trabalho docente”, ministrada pela Profª Sofia Viceu (Universidade de Lisboa-POR) e a Profª Nora Gluz (UFMG/Universidade de Buenos Aires-ARG), sob a coordenação da Profª Dalila Andrade Oliveira (UFMG, CNPq). Após o intervalo, houve a apresentação de Trabalhos e Relatos de Experiência, seguida pela divisão em três mesas-redondas, organizadas nos seguintes temas:
Mesa 1: Reformas educativas e seus efeitos sobre o trabalho docente;
Mesa 2: Saúde docente e condições de trabalho nas escolas;
Mesa 3: Docentes insurgentes: quando o diferente chega à escola.
O segundo dia de evento começou com uma Sessão de Pôsteres e continuou com novas mesas-redondas:
Mesa 4: O papel dos docentes no Novo Ensino Médio: desprofissionalização e desvalorização;
Mesa 5: Cidadania, movimentos sociais e trabalho docente;
Mesa 6: Efeitos da privatização da educação sobre as políticas de trabalho e formação docente.
Destaque para a Mesa 4, que contou com a coordenação de Alexandre Duarte (UFMG) e a participação da diretora do Sintepe Marília Cibelli, do presidente da CNTE Heleno Araújo, e da Profª Ana Maria Saraiva (UFMG). A discussão abordou o Novo Ensino Médio e o impacto na desprofissionalização e falta de valorização dos/as docentes. Marília Cibelli trouxe um panorama específico sobre o Estado de Pernambuco, apresentando informações sobre a consulta realizada pelo Governo de Pernambuco acerca da nova matriz curricular para o Ensino Médio destacando que a consulta se limitava à Formação Geral Básica e não trazia informações sobre os intinerarios formativos, bem como, a consulta não abrangia todos os/as docentes/, já que, se restringia aos/às professores/as que possuíam somente e-mail institucional da Rede Estadual: “Inclusive, os docentes que conseguiram responder, como os profissionais de Educação Física, não se sentiram contemplados, pois era apenas uma aula, assim como os/as professores/as de Língua Espanhola. Já a parte dos itinerários não foi incluída nessa pesquisa. Mostrei também algumas falas de docentes sobre o impacto do Novo Ensino Médio para eles”, avaliou.
A diretora destacou em sua fala a opinião dos/as profissionais da educação com relação a essa flexibilização curricular e o que ela acarretou a perda de identidade profissional pra muitos.
Essa flexibilização curricular trouxe uma precarização do trabalho do professor e da professora acompanhada da falta de investimentos em valorização e formação docente, como planos de cargos, carreira e remuneração atrativos, a falta de uma boa
infraestrutura das escolas, o assédio moral, a ausência de concursos públicos, as políticas de bonificação e da responsabilização docente tem feito com que muitos professores e professoras adoeçam, abandonem, ou nem mesmo se formem, porque o NEM
descaracterizou as licenciaturas”, informou.
O presidente da CNTE, Heleno Araújo, apresentou um novo documento sobre a política nacional do ensino médio, discutindo como ele deve ser estruturado, além de destacar alguns artigos da Constituição que reforçam a necessidade de mobilização para enfrentar a desprofissionalização docente.
A professora Ana Saraiva (UFMG) destacou o processo de desprofissionalização docente causado pelo Novo Ensino Médio em Minas Gerais.
À tarde, o evento promoveu mais três mesas-redondas:
Mesa 7: Trabalho docente na perspectiva dos estudos interseccionais;
Mesa 8: Condições de trabalho docente na universidade;
Mesa 9: Trabalho docente pós-pandemia: lições aprendidas e experiências compartilhadas.
No terceiro e último dia do XII Redestrado Brasil, houve a apresentação de um trabalho da professora Cibele Rodrigues (Fundaj/UFRPE), que analisou o site do Sintepe, destacando as reivindicações e conquistas do sindicato. “Destaco que nesta fase da pesquisa a minha fonte oficial tem sido o site e as redes sociais do Sintepe que estão sempre atualizadas, trazendo as informações necessárias das conquistas e lutas”, avaliou Cibele.
A Redestrado é uma rede de pesquisadores que está presente em 20 países. O evento contou com a participação de docentes de universidades públicas e particulares, além de professores/as das redes básica de ensino do Brasil e de outros países da América e da Europa.