Em greve desde o dia 8 de abril, trabalhadores e trabalhadoras em educação de Minas Gerais decidiram, em assembleia realizada nesta quinta-feira (29), pela continuidade da greve, que já chega a 70% de adesão em todo o estado.
A indignação da categoria é crescente, diante do descaso e do explícito uso político do governo do Estado para tentar calar os professores. Nesta semana, as superintendências regionais receberam um Ofício, enviado pela Secretaria de Estado da Educação, orientando os diretores de escolas a demitirem os professores designados (temporários) que estão em greve. Há também alguns casos de exoneração de efetivos.
“Trata-se de um fato gravíssimo, pois vai além do autoritarismo e da truculência que este governo têm demonstrado. O governador Antonio Anastasia (PSDB) se nega a cumprir leis e até mesmo a Constituição Federal. Assim como fez o ex-governador Aécio Neves (PSDB), o atual governador não implementa o Piso Nacional, que é lei federal e agora quer retirar o direito de greve, que é constitucional. Por que parte da grande imprensa não divulga isso? Provavelmente porque está ‘ocupada’ criminalizando os movimentos sociais ou divulgando as atividades de lideranças partidárias que Aécio e Anastasia têm participado juntos ultimamente. Isso sim é uso político”, denuncia José Celestino Lourenço, secretário nacional de Formação da CUT.
Cerca de 8 mil servidores que participaram da assembleia desta quinta, provaram que as ameaças do governador Antonio Anastasia não intimidaram a categoria. A decisão foi unânime: a greve continua!
Em seguida os servidores saíram em passeata do pátio da Assembleia Legislativa até a Praça Sete. Durante todo o trajeto, os manifestantes foram saudados pela população, que demonstrou seu apoio às reivindicações e à greve, com chuva de papel picado, buzinas e palavras de incentivo.
O Piso é Lei, tem que valer!A principal reivindicação dos servidores é a implementação do Piso Salarial Profissional Nacional (PSPN) de R$ 1.312,00 (valor atual). A direção do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) explica que o reajuste salarial de 10% anunciado pelo ex-governador Aécio Neves não atende os profissionais da educação. “Ao contrário do que foi divulgado pelo governador, atualmente temos um teto salarial e não piso salarial, ou seja, o valor de R$ 935,00 corresponde ao total da remuneração. Minas Gerais tem o 8º pior salário do país”, afirma.
De acordo com a coordenadora geral do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, o reajuste caberia dentro do orçamento do governo do Estado. “Sabemos que Minas Gerais é rico e, por isso, temos a convicção de que falta vontade política para implementar o Piso Salarial Profissional Nacional no Estado”, concluiu.
A categoria decidiu intensificar a mobilização e promete aumentar as manifestações em todo o estado, inclusive com um grande ato no dia 1º de maio.
CUT marca presençaNo último dia 27, a categoria realizou manifestações na Rodovia MG-10 e na Secretaria de Estado de Educação. Os trabalhadores obstruíram a rodovia em ambos os sentidos por cerca de meia hora. Posteriormente, uma comissão conseguiu ser recebida por representantes designados pela secretária de Educação, Vanessa Guimarães, que ouviram as demandas e se comprometeram a repassá-las à secretária o mais rápido possível.
Clique no link a seguir para ler a Carta Resposta do Sind-UTE à Secretaria de Estado da Educação: CARTA ABERTA.
Fonte: Site da CUT Nacional, em 3/05/10