Sindicato dos Trabalhadores e das trabalhadoras em Educação de Pernambuco

Rescaldo de uma política incoerente

Rescaldo de uma política incoerente
Durante o tempo que confeccionamos textos para o informativo eletrônico do SINTEPE, procuramos de forma proposital, evitar nomear esse ou aquele dirigente ou político de plantão temporariamente no poder e nos retido a uma reflexão sobre as questões educacionais e as ações danosas ou não nesse setor.
Porém, o momento ímpar porque passa o país, nos provoca a distender essa reflexão para a discussão sobre o segundo turno das eleições presidenciais desse ano, no Brasil, que carrega como não poderia deixar de ser, pela conjuntura vivenciada, elementos significativos para uma análise.
De premissa, perguntamos sobre algo bastante comentado atualmente: existe o golpe midiático?
Bom, para refletir sobre essa questão e como ela se apresenta, precisamos olhar para os meios de comunicação e nos perguntar se há uma razão para que o partido que ocupa o poder central seja sistematicamente bombardeado por análises pouco coerentes e sem o tempo devido de resposta ao longo de todo o seu período de governo. Como justificar que isso venha acontecer também, no momento eleitoral, onde por uma questão de equilíbrio, os espaços midiáticos deveriam ser legalmente iguais? Se isso foi detectado por você também, então parece que o golpe já está em prática há muito tempo. Para que não reste dúvida se isso é um fato ou não, veja a reportagem de capa do diário de Pernambuco do domingo 12 de outubro de 2014 e as páginas b5, b6 e b7 que ressaltam a inúmeras vantagens do candidato da oposição e o legado das oligarquias estaduais a esse candidato, como se vivêssemos ainda em um regime de capitanias hereditárias. É essa a situação de comoção ou alienação que mergulhou o Estado de Pernambuco? E a nação, como percebe tudo isso?
A Professora da USP Marilena Chauí avalia que “o crescimento do PSDB na reta final da corrida presidencial e a diminuição da representação dos trabalhadores no Congresso, tem um claro reflexo do trabalho feito pela mídia tradicional, pela despolitização da sociedade”.
Outro fato que merece atenção é o numero crescente de ataques preconceituosos aos nordestinos e aos “pobres” e incapazes eleitores do PT nas redes sociais. E quem dirá da declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que afirmou em entrevista, que o voto do PT vem dos eleitores “menos informados”? A que ponto chegou o descaramento em uma tentativa clara e fascista de desqualificar os eleitores e seus votos? Porém não se deve de forma prematura aceitar esse tipo de provocação como se existisse uma guerra entre as regiões Nordeste, Sudeste ou Sul do país, mas que é uma estratégia doentia de divisão da população para melhor alienar e não se discutir propostas para o país.
Atualmente, dois pronunciamentos de origem no próprio PSB com relação as suas políticas de apoio para o segundo turno das eleições: primeiro do presidente da sigla Roberto Amaral: “que Dilma representa nesse momento a única alternativa para a esquerda socialista e democrática”. E o segundo da ex-prefeita e deputada federal por São Paulo Luiza Erundina resaltando que “é vexatório e incoerente declarar voto para uma candidatura notadamente conservadora”. No passado, não muito longe, tivemos “o caçador de marajás” e vocês lembram o que aconteceu? Será que gora vamos eleger o “caçador de corruptos”?
Para fechar essa reflexão, vale lembrar a fala totalmente descabida do governador recém-eleito do estado, de que iria dobrar os salários dos Professores da rede estadual, uma verdadeira piada vinda desse governo, onde em oito anos deixou a categoria com o pior salário do país, pago aos professores licenciados. Se saúde, educação e segurança foram algumas das reivindicações das ruas, cobradas pela população, como tratar tudo isso de forma banal? Aí recordamos novamente a Marilena Chauí quando diz “como é possível você reivindicar aquilo que é negado por quem você elege”?
Edeildo de Araújo
Diretor da Secretaria de Formação Sindical do SINTEPE e formador da CUT.

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