Sindicato dos Trabalhadores e das trabalhadoras em Educação de Pernambuco

Professores ganham destaque nacional por trabalho sobre homossexualidade

Professores ganham destaque nacional por trabalho sobre homossexualidade
A iniciativa de um trio de professores da Escola Estadual Polivalente de Abreu e Lima de trabalhar a homossexualidade dentro do contexto escolar, obteve reconhecimento nacional este mês.
O projeto dos educadores pernambucanos concorre à 2ª edição do Prêmio Nacional de Direitos Humanos, promovido pela Organização dos Estados Íbero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura e pelo Ministério da Educação (MEC).
Diante de um cenário de falta de estrutura e violência, há três anos os professores Rose Quirino, Ceça Gomes e Inaldo Nascimento desenvolveram o projeto “Homofobia, Lesbiofobia e Transfobia”, elaboraram oficinas, palestras e peças de teatro que envolveram toda a comunidade.
Hoje, na escola que era conhecida em todo o município pelos altos índices de violência contra os alunos gays, predomina o respeito e as agressões contra esses estudantes praticamente não existem. “Estamos muito felizes pela classificação entre os dez melhores trabalhos do país. E até ficamos surpresos”, destaca Ceça Gomes.
A partir da fama de homofóbica, os educadores da Escola Polivalente perceberam a necessidade de orientação e debate sobre sexualidade e preconceito. Eles romperam a inércia e decidiram se empenhar em mudar a realidade dos corredores e pátios, onde a agressão aos jovens homossexuais era constante.
O grupo começou provocando os próprios profissionais de educação. “Questionamos qual seria a reação dos colegas caso alguém do mesmo sexo mostrasse interesse por ele”, explica Rose Quirino. Em sala de aula, o tema foi abordado de forma sutil. O trabalho foi iniciado nas turmas da 7ª e da 8ª séries.
Primeiro, os alunos pesquisaram sobre os principais alvos de preconceito na escola, onde foram cobrados conceitos e leis que defendem essas pessoas. Divididos em grupos, os estudantes apresentaram seminários sobre o preconceito contra o idoso, o deficiente físico e os homossexuais.
Foi quando os jovens viram que os gays eram os principais alvos de agressões. A segunda etapa contou com a dramatização de peças de teatro abordando o tema no auditório da escola, para todos os alunos da unidade. “O que eles nos trouxeram de resposta foi além das nossas expectativas”, elogia Rose.
Já no terceiro momento foi marcado pela realização de oficinas práticas. Em uma delas, denominada “a bola do conhecimento”, os estudantes, depois de receberem informações teóricas, tinham espaço para questionar e tirar dúvidas. Aos poucos, toda a escola estava envolvida na dinâmica e a mudança de comportamento perceptível.
A homossexualidade, que era um tema escondido e “pesado”, passou a ser natural e comum nos corredores e salas. “Muitos professores discriminavam alunos gays. Descobrimos que era falta de conhecimento”, acredita Ceça.
Mesmo com uma repercussão positiva, o projeto também sofreu entraves. Alguns pais e alunos evangélicos quiseram impedir a realização das palestras. “Até hoje eles não aceitam o relacionamento de pessoas do mesmo sexo, mas respeitam essa escolha como um direito do outro, apesar do que falam as igrejas”, ressalta o professor Inaldo Nascimento.
Os três professores participarão da premiação no dia 17 de novembro, em Brasília (DF).

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