Para que serve o crescimento econômico?
No último 12 de junho, dia de divulgação do combate ao trabalho infantil, a Secretária Executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, Isa Oliveira, apresentou as estatísticas no Brasil, com base nos dados do IBGE, 3,9 milhões de pessoas entre 10 e 17 anos de idade são exploradas no Trabalho Infantil. São 710.140 crianças entre 10 e 13 anos idade, que não brincam, mas trabalham.
Esta semana, também, foi divulgado o crescimento do PIB de Pernambuco no primeiro trimestre do ano, 4,6 %, maior que o PIB de vários países, inclusive, cinco vezes maior que o do Brasil (0,8 %). Estudos apontam que até 2022 o nosso estado terá uma média de crescimento de 7% ao ano.
No entanto, temos em Pernambuco 147.866 pessoas entre 10 e 17 anos de idade que trabalham, mas com esta idade deveriam estar na escola. Até porque o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil afirma que a baixa escolaridade e a pobreza são os dois principais motivos que levam as nossas crianças ao trabalho.
O artista canta que “criança não trabalha, criança dá trabalho”, pois bem, o governo do estado deve explicações à sociedade pernambucana: Para que serve nosso crescimento econômico? Por que a propaganda governamental esconde a baixa escolaridade do nosso povo? Por que o programa de escola de tempo integral, tão vangloriado e divulgado em todo país, não atacou este problema social?
Entendemos que este é um problema que deve ser enfrentado por toda a sociedade. A população está fazendo a sua parte, trabalhando, comprando e solicitando a nota fiscal, por isso, cresce a arrecadação de impostos e o estado colhe crescimento econômico. Os trabalhadores em educação também estão fazendo a sua parte, atuando com compromisso e responsabilidade nas escolas públicas das redes estadual e municipais, e paralelo a isto, entregamos a nossa pauta de reivindicações, que, se atendida, melhor será o atendimento à população pernambucana. E o que fazem os governos?
Como sabemos, muitos governos não pagam o piso salarial profissional nacional para o professor no início da carreira, e ainda deixam as escolas em condições precárias, dificultando nosso trabalho no processo ensino aprendizagem, ao mesmo tempo, no caso do governo estadual, em que pressiona os profissionais da educação para alcançar as metas impostas pelo grupo privado denominado Instituto de Desenvolvimento e Gestão (INDG), além do que intensifica o trabalho dos professores obrigando-os a digitar no sistema on line o que foi registrado no diário de classe. Por outro lado, dar passos lentos para atender as reivindicações dos trabalhadores, no caso do governo estadual, por exemplo, que recebeu a pauta de reivindicações da categoria no dia 09 de março de 2012 devido a nossa pressão marcou algumas datas para primeira reunião e terminou cancelando todas. Temos agora uma nova data, 25/06/2012. Exigimos que os governos cumpram seu papel, cumpram seu dever.
Companheiros e Companheiras, a direção do Sindicato orienta promover a resistência nos locais de trabalho. Estamos organizando um calendário de mobilização para o segundo semestre o qual inclui a pressão sobre os governos para garantir a negociação das Campanhas Salariais Educacionais de 2012 (no Estado e nos Municípios), assim como resolver as pendências e ainda barrar as arbitrariedades cometidas nos locais de trabalho, a realização da Conferência Estadual de Educação, que tem o objetivo de aprofundar o debate sobre as questões pedagógicas. Sem esquecer da marcha em Brasília, que está dentro do calendário de mobilizações proposto pela CNTE. Sigamos firmes na luta.
Heleno Araújo Filho
Presidente do SINTEPE.
Secretário de Assuntos Educacionais da CNTE.