Palestra sobre Violência nas Escolas e Direitos Humanos promove reflexão sobre racismo, LGBTfobia e violência de gênero nas escolas
A noite do segundo dia da 14ª Conferência Estadual de Educação foi dedicada a discutir a Violência nas Escolas e Direitos Humanos. A professora doutora Denise Botelho, da UFRPE, pontuou ser necessário promover uma educação antirracista e de inserção social, desenvolver a igualdade e a equidade, além de fortalecer o combate ao racismo.
Para a professora, os professores precisam estar preparados para lidar com o racismo cotidianamente e também fazer uma reflexão sobre o racismo que carregam, pois em muitas situações são os professores e professoras que colocam apelidos racistas nas crianças e jovens. Botelho acredita que uma postura antirracista, além de não agredir os alunos negros, mudará os dados sobre a evasão escolar, pois os que mais se evadem das escolas são negros.
Embora existam avanços como a Lei nº 10/639, que inclui a temática História e Cultura Afro-brasileira, a questão não avançou em quase nada. “Apenas as editoras tiveram êxito com essa Lei, pois até existem médicos negros nos livros, mas existem só nos livros”, disparou Botelho. Com o golpe, a valorização das populações negras e indígenas acabou e para mudar esse estado de desigualdade no âmbito escolar é preciso horizontalizar o saber para que haja uma verdadeira mudança na educação.
Sobre o gênero, a professora Isis Tavares, da CNTE, explicou expressões feministas como gaslighting, mansplaining, manterrupting e bropriating, essas palavras traduzem situações de violência psicológica e emocional que as mulheres precisam lidar cotidianamente. Para Tavares, todas essas ações fazem com que a mulher se distancie do mundo da política e não ocupa um espaço que é dela e de suma importância para uma mudança na sociedade. “A gente precisa de uma grande bancada para fazer o enfrentamento”, sentenciou lembrando que o golpe também foi uma atitude misógina.
Roberto Éfrem, professor da Universidade Federal da Paraíba finalizou as falas do penúltimo dia de Conferência e pontuou que a sexualidade, a religião e o gênero não devem ser tratados como questões secundárias ou periféricas. Elas precisam ser tratadas com mais atenção, uma vez que toda a sociedade é feita de gente que integra uma etnia, que tem uma sexualidade e uma religião. Lembrou, inclusive, sobre a importância das igrejas durante o processo de redemocratização do país. “Religião pode ser sim uma forma de trazer democracia ao país”, frisou.
Éfrem condenou o uso político da religião, como tem feitos muitos integrantes da bancada evangélica, que lança projetos para regular a intimidade das pessoas e gerando pânico na sociedade. Esses mesmos projetos não são aprovados, mas conquistam visibilidade para o seus proponentes. A consequência disso são os números expressivos de votos dessas bancadas e fez um comparativo em relação às candidaturas de esquerda. Para Éfrem, é um número preocupante de pessoas que confiam seus votos a esse tipo de candidatura.
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