Para reconstruir a educação e solucionar os problemas causados pelas políticas desastrosas do atual governo, é preciso ter força e resistência para lutar. Mas também, será preciso coragem para enfrentar as consequências da implantação do chamado “novo ensino médio” e “revogá-lo”. Esse foi o tom da primeira mesa de debate desta quinta-feira (18), dando sequência às palestras da 15ª Conferência Estadual de Educação do Sintepe.
A doutora em História Social pela USP, professora Selma Rocha e o professor da UFABC, Fernando Cássio, trataram do assunto.
Selma Rocha começou fazendo uma análise sobre como o privado compete com o público na oferta da educação. “Estamos em uma situação que o privado compete por dentro da escola pública e quer entrar nela e quer controlar a ação educativa por meio das plataformas dos materiais didáticos bastante rentáveis”, denuncia.
A vitória do Fundeb Permanente foi outro ponto importante citado por Selma, que parabenizou a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras em educação para assegurar os investimentos, em destaque, toda a luta e mobilização realizadas pela CNTE e pelo Sintepe. “Esse sindicato é um orgulho para todos nós educadores no Brasil”, frisou.
De acordo com Selma, o Novo Ensino Médio tem o intuito de ‘industrializar’ o país, por meio da formação de mão-de-obra com terminalidade ao final do ensino médio. Ela citou estudos que já confirmaram atraso na aprendizagem e no pensamento crítico dos estudantes.
“Os itinerários não são formação profissional, pois ela exige relação entre técnica, tecnologia e ciência. Diferente da estrutura da reforma que só oferece ofícios e traz o setor privado para dentro da formação profissional dos alunos, sem que haja qualquer relação entre as instituições que vão fazer a formação e a escola”, detalhou Selma.
O professor Fernando Cássio pesquisa a implantação desse modelo na rede estadual em São Paulo, em conjunto com a REPU (Rede Escola Pública e Universidade) e a Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Por meio de sua coleta de dados, já é possível indicar que o Novo Ensino Médio “prejudica” os estudantes, precarizando aulas, concentrando carga horária em professores e promovendo variadas formas de ensino à distância. Para ele, ainda é possível parar, pois a reforma está sendo aplicada aos poucos nos Estados. “É porque São Paulo se adiantou muito e se antecipou de mostrar a tragédia”, indagou.
“A reforma do Ensino Médio não é passiva de revisão, pois esses efeitos de desigualdades são inevitáveis, porque uma reforma de currículo que não prevê melhoria da infraestrutura física, melhoria de condições de trabalho significativa e melhoria da permanência dos estudantes na escola, ela não vai produzir outra coisa, a não ser desigualdade”, explicou.
Teatro do Sintepe
Pela manhã, após a leitura e aprovação do Regimento da 15ª Conferência Estadual de Educação do Sintepe, foi apresentado a peça teatral ‘Zé da Silva’, com direção de Ivan Ruy, figurino de Marcelo Figueiredo e elenco de atrizes e atores.
O ato teatral falou sobre as dificuldades atuais enfrentadas pelos mais pobres e retratou o cotidiano de milhares de brasileiros e brasileiras que sofrem com as altas dos preços dos alimentos e que precisam se desdobrar para conseguir alimentar sua família.
Cobertura do evento
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