Sindicato dos Trabalhadores e das trabalhadoras em Educação de Pernambuco

O grito do professor

O grito do professor

A Educação no Brasil
Faz tempo que afundou
Agora querem afogar
O pobre do professor.

Pra quem tem só um emprego
Não existe vida pior
Sofre lá toda família
É uma vida que dar dó.

O pobre do professor
Que dá um duro danado
Além do salário pouco
Vive no consignado.

Profissão mais importante
Foi a pesquisa quem deu
Mas nem dois salários mínimos
O professor recebeu.

Tem que andar bem vestido
Tem que ser pessoa séria
Ainda tem que ser mágico
Não é salário, é pilhéria.

É comum ver professor
Dando uma de cafona
Quando fica sem dinheiro
Fica pedindo carona.

Não pode pagar um lanche
Na lanchonete, na venda,
E agradece ao aluno
Quando há sobra de merenda.

O filho do professor
Isso é regra geral
Só pode ser um doutor
Se passar na Federal.

Não pode pagar cursinho
O que ganha é muito pouco
Quando consegue passar
O povo chama de louco.

Com o salário que ganha
Não estou tirando sarro
Nem pode ter uma casa
Muito menos ter um carro.

Não coloca os pés no chão
Vive como uma gaivota
O cartão não tem limite
E na mão do agiota.

Para o povo da rua
Que não pensa no futuro
Professor é pirangueiro,
Mão de vaca ou pão duro.

O pobre do professor
Ele faz mágica de mais
Pra pagar todas as contas
Ganhado só mil reais.

Já tem gente de cronômetro
Vigiando o professor
E se o assunto não for dado
Informa no computador.

Todo mundo culpa ele
Se o aluno não passou
Qualquer problema na escola
É culpa do professor.

O governo dá (ou dava) um bônus
Ouça bem o que te digo
Isso pra mim não é bônus
Isso se chama castigo.

É bom que o governo saiba
O aluno é sabedor
Que muitos erram a prova
Pra lascar o professor.

E se o bônus não sai
Veja só o que ele fez
É culpa do professor
De Matemática e Português.

Agora você reclama
Reclama de hora em hora
Mas quando tem uma greve
Você nem vai à escola.

Pensa que a greve é férias
Da greve fica fugindo
Em vez de ir para rua
Fica em casa dormindo.
O governo fica olhando
E na maior alegria
E o “GREVISTA” em casa
Num ato de covardia.
Para a greve ser legal
Não virar pano de fundo
Vamos fechar a escola
E parar é todo mundo.
Eu vou lhe dar um conselho
Espero que seja breve
Quando o aumento vem
Não é só pra quem faz greve.

É claro que dessa greve
Político não vai gostar
Nem ligue pra esse cara
Manda ele, ir ensinar.

O dinheiro que ele ganha
Em um mês sem trabalhar
Em um ano o professor
Não ganha pra ensinar.

Eu duvido que um deles
De governo a senador
Tenha um filho que estude
Para ser um professor.
E de maneira cruel
Humilhando o concursado
Pega um desempregado qualquer
Bota como contratado.
Para ensinar o “EJA”
Governo não quer saber
Não precisa ter diploma
Basta ler e escrever.
E o Governo Federal
Mostrando ter energia
Criaram outra benesse
Chamada de “TRAVESSIA”.
Tem um monte de projetos
Prejudicando a nação
Prejudicando o aluno
Afundando a Educação.
Aluno sem saber ler
Nem pegar em um jornal
Não sabe assinar o nome
E vai pra o Fundamental.
O doutor cura a doença
Tem Conselho Tutelar
Pra o errado o delegado
O juiz pra condenar.
Professor é tudo isso
Ele educa, ele vai
Além de ser confessor
Também é mãe e é pai.
Não há presidente que faça,
Nenhum tipo de gestor,
Governador, secretário
Deputado ou senador.
Eu quero que vocês dêem
Um exemplo, por favor,
De escola que funcione
Sem aluno e professor.
Eu não sou nenhum poeta
E nem ando pelos ares
Sou professor de Jaqueira
Meu nome é PAULO TAVARES.

Paulo Tavares
Professor da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco

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