O fechamento de escola e a Funase
Ao ler o título acima você deve estar pensando o que tem haver o fechamento de escola e o conseqüente transtorno que o governo do estado novamente causa aos trabalhadores da educação religiosamente em todo mês de janeiro, perturbando o seu direito ao gozo de férias, constrangendo os mesmos com indefinições quanto a sua localização no inicio do ano, com a recente rebelião ocorrida na Fundação de Atendimento Socioeducativo (FUNASE)?
Ano passado (2011), elaboramos um texto com título de “Jovens sem um Referencial”, abordando justamente essas unidades ditas “correcionais”, geralmente superlotadas e perguntavamos: “Até quando vamos assistir os jovens em unidades correcionais superlotadas como a do Recife que tem capacidade para 90 jovens e abriga 181 e a do Cabo de Santo Agostinho com 313 jovens quando o espaço comporta apenas 98, e por outro lado uma escola com professores e alunado desmotivados”?
Vejam que a unidade do Cabo está literalmente citada no texto que foi publicado no site do SINTEPE. Temos plena consciência que as colunas publicadas semanalmente nos três jornais de grande circulação do estado, assim como o site do sindicato são monitorados ou lidos (como preferirem) pelo governo do estado que faz como diz os mais idosos: “ouvido de mercador”, sem ouvir quem quer que seja, sobre qualquer coisa, pois ele é soberano, dando atenção apenas ao que possa aumentar os seus índices de popularidade.
Hoje, 18 de janeiro de 2012, perguntamos ao governo que tem em sua sigla o nome de “socialista” e que com muita vaidade ostenta ser um modelo de modernidade na gestão da máquina policial: quanto é investido na FUNASE? De que forma esses recursos são utilizados? Quais os critérios que norteiam sua gestão? Que resultados são conseguidos?
Diz um economista que: “custa pelo menos dez vezes mais que uma escola técnica sem obter resultados”. Acrescentando, perguntamos: afastar o presidente da Fundação, exonerar o diretor dessa unidade ou abrir sindicância vai trazer o que de significativo para as famílias dos jovens mortos e da sociedade que clama por uma satisfação?
Enquanto tivermos uma inversão de valores do tamanho que temos em Pernambuco e no resto da nação, onde gastamos enormes recursos em sistemas prisionais caros e que em nada socioeduca, e deixa-se de investir nos seres humanos que ainda estão dentro das escolas (trabalhadores em educação e no próprio aluno), não iremos conseguir mudanças reais, haja vista a percepção que o alunado tem do descaso com que o governo trata os Professores/as todos os meses e em especial em janeiro de cada ano, pois enviaram um recado muito importante: apesar da destruição dessa rebelião, deixaram intactas as salas de aula daquela unidade. “Só quem manda nesse estado e nesse país ainda não entendeu que a educação transforma”.
Edeildo de Araujo
Diretor da Secretaria de Formação do SINTEPE.