Jovens sem um referencial
Todo piloto ou marinheiro sabe muito bem que antes de se lançar em uma viagem, precisa ter um roteiro seguro, um plano de vôo, algo que responda as suas necessidades e inquietações, para que mais tarde possa estar em um porto seguro.
No processo educativo não é diferente, pois exige elementos que devem ser tomados como subsídio para estruturar um planejamento sólido e duradouro, traçando um rumo que garanta a visualização dos caminhos que se vai percorrer e o mais importante, aonde se quer chegar.
Logo, todos nós precisamos dos nossos referenciais e dentro de uma escola perguntamos: quem são os indivíduos que devem servir como referencial aos alunos que se encontram em processo de formação? Se você pensou no professor ou professora, está seguindo uma linha de raciocínio perfeitamente aceitável.
Mas não é o que acontece hoje, na sociedade e principalmente no estado de Pernambuco, onde o alunado não percebe naquele que é um representante dessa sociedade um individuo bem sucedido, bem definido e com uma situação financeira equilibrada. Portanto, esse representante da sociedade não lhe serve como referência e a sociedade que o escolheu, por extensão, também não lhe serve.
Dessa forma, temos hoje no estado, alunos desmotivados, sem um rumo, descrentes das informações que lhes chegam, sendo atraídos para as drogas e o crime que atendem de forma aparente as suas necessidades financeiras imediatas.
O estado presta, portanto, um desserviço à sociedade quando insiste em não valorizar a educação. O aluno pergunta: Que escola é essa? O que ela pode me trazer se o próprio professor é marginalizado?
Esta situação pode ser constatada pela posição indesejável, que Pernambuco ocupa em termos percentuais de primeiro lugar no ranking de Jovem infrator, ficando na frente de São Paulo que tem quatro vezes mais da população jovem e de Minas Gerais que tem o dobro da população de jovens que tem Pernambuco.
Ou seja, São Paulo possui uma população de jovens entre 12 a 18 anos de 6,6 milhões e 6.506 jovens infratores; Minas Gerais detém uma população de jovens de 3,2 milhões e de 1.172 jovens infratores, já Pernambuco tem 1.6 milhões de jovens nessa faixa de idade, sendo 1.647 jovens infratores.
Pois os números falam melhor que qualquer discurso: os jovens em Pernambuco estão sem opções, as escolas e sua educação não mostram perspectivas de um futuro promissor, levando uma geração a buscar nas drogas e no crime o que a escola e a família lhes deveriam proporcionar.
Apesar do PIB de Pernambuco no ano passado atingir 9,3% o mais expressivo dos últimos 15 anos, os investimentos que deveriam ocorrer em seu capital humano, no caso os profissionais da educação, não aconteceram, trazendo um prejuízo enorme à população que se estenderão por muitos anos com reflexos altamente perniciosos.
Em vez de investir em educação, e no capital humano o governo dito socialista, optou simplesmente por reformas de prédios, e uma política de bonificação com avaliações das unidades de ensino sem parâmetros claros e precisos.
Agora mesmo vemos a Secretaria de Educação solicitando um orçamento em R$ 1,4 milhão para contratar pesquisa que avalie e análise o impacto do programa de bônus de desempenho educacional nas escolas.
Até quando vamos assistir os jovens em unidades correcionais superlotadas como a do Recife que tem capacidade para 90 jovens e abriga 181 e a do Cabo de Santo Agostinho com 313 jovens quando o espaço comporta apenas 98, e por outro lado uma escola com professores e alunado desmotivados?
Edeildo de Araújo
Diretor da Secretaria de Interior do SINTEPE