Em alusão ao mês da Consciência Negra, o Coletivo de Combate do Racismo do Sintepe realizou na tarde/noite desta sexta-feira (18) uma roda de conversas com personalidades que representam a cultura afro e a luta antirracista.
A ação foi realizada pela Secretaria de Políticas Sociais do Sintepe, que promoveu a Roda de Diálogo “Racismos e atitudes antirracistas no ambiente escolar”, com a participação das professoras e ativistas do Movimento Negro de Pernambuco Fátima Oliveira, Inaldete Pinheiro, Isabela Santana, Joseane Rocha e Verônica Amorim.
A ativista Inaldete Pinheiro contou suas vivências e da importância do empoderamento para autoaceitação na luta pela igualdade. “Meu pai me chamava, junto com as minhas irmãs de ‘minhas negras’. Era um apelido carinhoso, mas também de convencimento, aceitação e fortalecimento para nós, que a nossa cor, que o nosso cabelo e nossa ancestralidade são motivos de orgulho”.
A professora e ativista Fátima Oliveira alertou sobre os problemas atuais e falou sobre a tentativa de redução do folclore brasileiro na cultura indígena e afro. “A nossa escola ainda traz aspectos de pensamento colonizador. O folclore brasileiro, quando é feito um histórico, é visto a tentativa de reduzir os indígenas e os afrodescendentes. Ele foi criado em 1965, no período da ditadura militar, e nas escolas vai ter copeira, comer uma tapioca e fica naquela coisa de ‘é só isso e dali não sai’. Eu estou denunciando o limite da formação continuada da nossa categoria e que precisamos repensar a nossa política pública de formação”.
A professora Isabela Santana falou sobre a falta de representatividade nas escolas e de como é necessário falar de Consciência Negra para construção de uma sociedade livre do racismo. “Estamos há dois dias do 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, e hoje o que mais é discutido nas escolas é a Copa do Mundo. Não vemos nenhuma mobilização e não somente deveríamos abordar esse tema em novembro, mas que nesse mês percebemos a ausência e a preocupação em trazer pessoas que façam um trabalho, durante o ano todo, em relação as questões étnicos raciais”.
Verônica Amorim trouxe a literatura negra e falou sobre a importância de negros e negras serem protagonistas de suas histórias. “Escrevem sobre os negros, mas nós também escrevemos e queremos trazer ‘quem escreve’ e não ‘o que escrevem sobre nós’. Falando em história, a religião vai está presente e existe outra luta para mostrar que Exu não é o diabo e outras coisas que as pessoas inventam para demonizar as religiões de matrizes africanas”.
Joseane Rocha refletiu a necessidade de informar as histórias que motivaram a lei do Dia da Consciência Negra e as representações que carrega essa data. “Porque o MNU (Movimento Negro Unificado) começa a provocar à sociedade? Porque a partir da Constituição e no ano seguinte vem a criminalização até chegar a um Estatuto? Quase ninguém sabe do Estatuto da Igualdade Racial. Inclusive, em muitas rodas de conversas e palestras sobre Consciência Negra, as pessoas não comentam sobre o Estatuto”.
A Diretora de Políticas Sociais do Sintepe, Julliana Tenório, avaliou o evento e falou da importância do debate para incorporar medidas de combate ao racismo. “No dia de hoje, tivemos várias atrações musicais, a celebração da cultura afro para resgatar a nossa ancestralidade e uma roda de debate com grandes nomes do Movimento Negro. Foi uma discussão muito boa e produtiva para retomar o nosso Coletivo que irá combater os diversos racismos existentes no ambiente escolar e fora dele também”.
SEGUIMOS FIRMES NA LUTA ANTIRRACISTA!
Após a Roda de Diálogo, os presentes puderam conhecer e degustar a culinária afro, além de dançar e curtir o som do Afoxé Oyá Alaxé e da Batucada do Sintepe.