Como promover a cultura de paz nas escolas e prevenir situações de violência? Bons exemplos existem e a CNTE convidou trabalhadores/as de escolas públicas e especialistas para compartilhá-los com o Ministério da Educação (MEC), em encontro realizado na manhã desta segunda-feira (5).
A oitiva da CNTE foi coordenada pela professora Rosilene Corrêa, Secretária de Finanças da entidade. Além de apresentar a Campanha Pública da Confederação (Saber Amar é Saber Respeitar), ela representa a CNTE no GT Interministerial.
“O objetivo da reunião de hoje foi ouvir esses profissionais e levantar informações para subsidiar propostas de combate à violência contra a escola. Com base nisso, vamos entregar um relatório ao MEC até o fim do mês, que será utilizado pelo Ministério na elaboração na construção de uma política nacional sobre o tema”, explica Rosilene.
A CNTE também abriu espaço para a apresentação de propostas do Observatório da Educação Básica da Universidade de Brasilia.
Para Edileuza Fernandes, da UnB, doutora em educação e especialista em gestão escolar e formação de professores/as, a solução para o problema passa por políticas de fortalecimento da gestão democrática, como o incentivo à formação de conselhos escolares e grêmios estudantis.
“A escola é a instituição da sociedade fisicamente mais próxima das comunidades e das famílias, e ela precisa ter opções de lazer, cultura, esporte e acesso às tecnologias. Para isso, tem que haver investimento em estrutura física e realizar campanhas de valorização do ambiente escolar”, defendeu a educadora.
O coordenador-geral de Políticas Educacionais para a Juventude da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, Yann Evanovick, que também participou da reunião, parabenizou a CNTE pela mobilização das pessoas que estiveram no encontro.
“As experiências educativas apresentadas hoje são impressionantes porque têm profissionais muito comprometidos com esta agenda. O novo MEC tem procurado dialogar mais e tudo o que foi dito aqui vai nos ajudar na elaboração de estratégias”, disse Yann.
Conheça os exemplos mostrados no encontro:
“SABER AMAR É SABER RESPEITAR”
O primeiro caso foi apresentado por Rosilene Corrêa. Ela mostrou a campanha “Saber Amar é Saber Respeitar”, disseminada em todo o país pela CNTE, em 2017.
“O objetivo foi inspirar práticas escolares em prol do respeito e a convivência. Para executar qualquer ação, é importante ouvir quem está no dia a dia da escola, pois cada uma tem uma realidade”, contou Rosilene.
Saiba mais sobre a campanha: https://campanhasaberamar.com.br/
Clique aqui para baixar a apresentação da Rosilene.
“PROJETO R.A.P”
Realizado desde 2015, o Projeto R.A.P (Ressocialização, Autonomia e Protagonismo) oferece saraus, cine-debates, festival de música e rodas de conversa com artistas dentro da Unidade de Internação de Santa Maria (DF), CED 310, onde jovens cumprem medidas socioeducativas.
“Hoje, temos quase 100% de não reincidência de atos infracionais entre as meninas. Entre os meninos, o percentual é menor, mas evoluiu. Esse projeto pode ser replicado em outras escolas, de Brasília e do país, como é o caso de Londrina, no Paraná, que replicou a experiência do R.A.P por lá”, disse o responsável pela iniciativa, o professor de História Francisco Celso, agraciado por diversos prêmios pela iniciativa.
O educador foi selecionado, por exemplo, para concorrer ao Prêmio “Global Teacher Prize 2020“, considerado o “Nobel da Educação”.
“PROJETO ACOLHER”
Programa de educação emocional que ensina crianças a lidarem com as dificuldades do dia a dia, o “Acolher” foi implementado na Escola Classe Córrego do Arrozal, na zona rural do Distrito Federal.
Entre as diversas ações, a iniciativa estimula as crianças a identificar sentimentos, resolver conflitos e fazer escolhas mais saudáveis. “A escola está próxima de 9 acampamentos rurais e dois assentamentos do MST. Percebemos como é importante estimular as crianças e jovens a falarem sobre o que estão vivendo e sentindo”, apresentou a educadora Anete Aparecida Silva.
Clique aqui para conhecer mais o Projeto Acolher
Clique aqui para ver o perfil da escola nas redes sociais.
“ERRADICANDO A VIOLÊNCIA COM MUNIÇÃO DIFERENTE”
Desenvolvido no Centro de Ensino Fundamental 11, do Gama (DF), o projeto atende uma comunidade escolar localizada em uma região muito violenta. Aulas de esporte, música e circuitos de ciência e cultura estão dentro do escopo do projeto e foram os instrumentos para, ao longo de 20 anos da iniciativa, os responsáveis pela diminuição drástica desses índices de violência.
Thiago Silva, responsável pela apresentação da iniciativa, lembra que a escola era foco de muitos conflitos, mas reverteu a situação. “Conseguimos trazer as famílias e contribuímos com o desenvolvimento social e individual do aluno”, comemora.
Clique aqui para conhecer o projeto.
“PROJETO CORRENTE DO BEM”
Após triplicar o número de alunos, a Escola Municipal Valdir Arantes, de Caldas Novas (GO), viu aumentar também os casos de violência com a presença de gangues rivais que existiam na cercania da unidade educacional.
Foi então que a educadora Juliana de Faria promoveu uma reunião entre trabalhadores/as de todos os setores da escola – do porteiro à merendeira, mobilizando também todos/as os/as educadores/as. Nesse grupo, surgiu o projeto “Corrente do Bem”, que trabalhou ações para o estímulo ao desenvolvimento sócio emocional dos/as estudantes.
“Fizemos parceria com psicólogos/as, rodas de conversa com alunos/as e ciclos de palestras com pessoas da comunidade que eram referência para os/as estudantes. Com o tempo, percebemos que os indicadores relacionados a movimentos pacíficos melhoraram em 90%”, relata a professora.