A data de 8 de março foi oficialmente adotada como o Dia Internacional da Mulher em 1917, durante um dos momentos mais turbulentos da história da Rússia. Nesse dia, as mulheres russas, em meio a uma situação de extrema escassez de alimentos e outros itens essenciais, organizaram uma greve de proporções gigantescas para protestar contra a fome e a guerra. Esse protesto desempenhou um papel crucial no movimento que levou à queda do regime czarista. A Revolução de Fevereiro, que teve início em 23 de fevereiro pelo calendário juliano (8 de março pelo calendário gregoriano), foi um ponto de virada na história da Rússia e do mundo.
Após a Revolução de Fevereiro, o governo provisório russo concedeu às mulheres o direito de voto. Em homenagem à luta das mulheres por igualdade e justiça, 8 de março tornou-se um feriado oficial na União Soviética e, posteriormente, foi adotado em muitos outros países em todo o mundo.
Ao longo das décadas, o Dia Internacional da Mulher foi perdendo suas raízes socialistas e comunistas e o mundo começou a visibilizar a data, em alguns locais o capitalismo se apropriou da data e transformou em uma data comercial. As feministas que lutam por um feminismo antirracista, anticapitalista, antilbtfóbico e antipatriarcal lutam pela igualdade entre homens e mulheres e por uma sociedade livre de todas as violências contra as mulheres. As pautas são diversas, mas a luta pela justiça reprodutiva – tais como, a legalização e a descriminalização do aborto, direito sexual e reprodutivo, educação sexual nas escolas e a não violência obstétrica – ainda é a principal pauta de todos os feminismos, principalmente diante da conjuntura pós-bolsonarismo e sob a influência das igrejas neopetencostais na política, inserindo projetos de lei reacionários e antidemocráticos.
O 8 de março é uma oportunidade para refletir sobre as desigualdades enfrentadas por mulheres em diferentes partes do globo, bem como para celebrar suas contribuições inestimáveis para a sociedade. É também um momento para destacar a importância da educação, da conscientização e da ação contínua na busca por um mundo mais justo e equitativo para todas as pessoas, independentemente do gênero.
A história do 8 de março está intrinsecamente ligada à luta das mulheres por justiça e igualdade, e sua importância transcende fronteiras e culturas. Ao todos os níveis, individual e coletivo, o 8 de março continua a ser um lembrete poderoso do progresso alcançado e das batalhas que ainda precisam ser travadas para atingir a plena igualdade de gênero em todo o mundo.