Sindicato dos Trabalhadores e das trabalhadoras em Educação de Pernambuco

A Escola Estadual São Luís funciona em uma casa

A Escola Estadual São Luís funciona em uma casa
A manhã desta quinta-feira (20) serviu para os diretores Roza Pedra Rica e Dilson Marques do Sintepe visitarem a Escola Estadual São Luís, em Prazeres, Região Metropolitana do Recife. O ambiente escolar é percebido ao olhar para cima e ver escrito o nome do local.
A casa com sete salas foi cedida com o propósito de se procurar um lugar decente para colocar os 680 alunos distribuídos manhã, tarde e noite, mas até agora o terreno que será construída a “nova escola” está em processo de compra.
Inquietos devido ao calor e ao aperto, com dificuldades de concentração, os alunos andam nos estreitos corredores, penteiam os cabelos, tiram fotos no celular. Os trabalhadores com muito esforço anotam alguns conteúdos no quadro e quando o corpo discente chama o profissional para tirar qualquer dúvida, ele passa com muita dificuldade entre as bancas. O pequeno e magro Lucas Gustavo de 14 anos, da 6° série é convicto ao dizer que tem o conhecimento comprometido devido ao espaço físico “Quando todos os meus colegas vêm assistir aula a gente tem que ir para outras salas pegar banca. Quero sair dessa escola porque tem muita conversa nas aulas”. Quem estuda na Escola Estadual São Luís não tem aula de educação física por conta do espaço que a escola não disponibiliza.
O professor de História, Marcos Spinelli revela frustração com as atitudes do governo estadual. “A propaganda que o governo faz é distorcida com as ações concretas. Nas aulas, fico sem referência de políticos da esquerda para passar aos alunos”. O rosto do trabalhador em educação não esconde a revolta. Questionado sobre a política do bônus o profissional foi incisivo “São prêmios que algumas escolas ganham, no próximo ano não se tem certeza se ganha ou não. Se tivesse fixado os valores nos salários, existia uma valorização profissional”. Segundo o docente, os trabalhadores em educação têm que lutar junto ao sindicato para tentar reverter essa situação. O que o governador e os deputados fizeram geraram reflexos na sociedade. Os alunos questionam aos professores o que está acontecendo.
A assistente educacional Ana Paula trabalha na Escola há cinco anos. Ela destaca a situação complicada de trabalhar no ambiente e ainda reforça “Todos os professores estão chateados e magoados”. Na escola não existe nenhum computador funcionando, não tem data show e várias ligações foram feitas a Secretaria de Educação e como de costume, não obteve resposta. O único equipamento que a escola disponibiliza é um rádio.
A profissional de matemática Cláudia Monteiro, reafirma o compromisso que tem diariamente com os alunos e parecer ser esse o motivo que leva muitos trabalhadores em educação a continuarem ensinando. Cláudia está apresentando problemas respiratórios e dificilmente, ela adoecia. Os problemas aparecem devido à falta de ventilação e ao barulho. Decepcionada, ela pontua “Eu acreditava que a educação podia proporcionar vida digna, mas a política da Secretaria de Educação não vai melhorar em nada a qualidade do ensino. Como é que a aprendizagem pode ser transformada em número?”. Ela também fala da bonificação, consciente a professora diz que deveria ser para todas as escolas, porque o nível é o mesmo. Cláudia finaliza “O caminho não é esse”.
Nem precisa ir longe, basta constatar a realidade das escolas estaduais visitando os ambientes e comprovando que a propaganda televisiva não diz a verdade. Os problemas são muitos, para saná-los estão sendo tomadas medidas paliativas que não tiram a condição do trabalhador pernambucano a de receber o pior salário deste país. Anunciado na noite desta quarta-feira (19), que 80% das unidades atingiram mais de 50% da meta de crescimento. Ao investigar que metas são essas, nem os professores, nem a direção das escolas sabem. No mesmo dia que os representantes políticos avisam a redução do percentual de pagamento do vale transporte, o vale alimentação para os Professores (reivindicação antiga da categoria) e um grupo para revisar o Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos (PCCV), o Movimento Brasil Competitivo (MBC) e os Institutos de Desenvolvimento Gerencial (INDG) e de Co-responsabilidade Empresarial (ICE) divulgaram uma pesquisa. (Veja aqui)
Acima, as salas de aula
A foto da esquerda representa um banheiro e a direita a sala dos professores
A imagem acima demonstra o local onde é colocado a merenda. À direita, está a entrada da escola, o corredor que dá acesso ao primeiro andar da casa.
Fotos: Anna Maria Salustiano e Dilson Marques

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