Construir uma educação pública de qualidade é o desejo de todos comprometidos com as transformações sociais, dos educadores que dedicam boa parte de suas vidas em busca do tal almejado sonho, desdobram-se no dia-a-dia da sala de aula, driblam as situações mais adversas, falta de condições de trabalho, assédio moral, violência, baixos salários, o qual obriga a grande maioria dos professores optarem por mais de um vínculo ou rede de ensino. Por outro lado os alunos muito deles vem contabilizando histórias de fracassos, abandono não só na vida escolar, como fora dela, decorrência de uma Política Educacional que se configura de forma excludente, discriminadora, perversa, negando o direito republicano das crianças e jovens a ter assegurado o direito do acesso, permanência e um ensino de qualidade, essa situação é decorrência da falta de vontade política dos gestores públicos, que não investe recursos financeiros e humanos a favor de uma escola de qualidade, é o esvaziamento do quadro de professores ocasionado por uma política de desvalorização, arrocho salarial, os empurra para um quadro desolador, doentio, comprometendo as diversas dimensões da vida, psicosocial, cultural e econômica.
Não é de se espantar que os resultados apresentados pelo IDEB, fossem diferentes, eles refletem a aplicação de uma política educacional, desenvolvida há décadas de forma discriminadora, irresponsável, descomprometida com os direitos constitucionais da sociedade brasileira e com os trabalhadores em educação.
II – A QUEM INTERESSA MELHORAR O IDBE?
A todos aqueles responsáveis pela aplicação dos direitos Constitucionais Federal, os quais devem ser princípios norteadores da política educacional de direitos igualitários, superando todas as mazelas constituídas até o presente momento e aponte para uma educação emancipadora, visando a formação de cidadãos/ães em condições de igualdade para se inserir no mundo em que vive resgate sua dignidade e auto-estima, que os estudantes não se vejam apenas como números, que revelam indicadores sociais que demonstrem a falta de compromisso do poder público, que envergonha e compromete o desenvolvimento do país. Onde os educadores se sintam valorizados, respeitados e co-responsáveis pela melhoria dos resultados.
III – COMO ELEVAR OS INDICES DO APROVEITAMENTO ESCOLAR / IDEB
É preciso vontade política dos gestores públicos, eleger de fato a educação como prioridade, investindo fortemente em todos os elementos estruturantes e conjunturais. Abrir o debate com a sociedade, educadores e buscar de forma democrática o engajamento e compromisso de todos para atingir o pleito.
A materialização de uma escola de qualidade exige o envolvimento da sociedade, bem como de todos os segmentos da escola, gestores, coordenadores, educadores de apoio, professores, alunos e pais, para que isto ocorra é necessário que todos estejam movidos pelo sentimento da participação, da confiança uns nos outros, bem como, dos gestores responsáveis pela implementação das políticas governamentais, assegurando condições necessárias na formação continuada de todos os profissionais da educação, os insumos necessários às boas condições de trabalho, salários que permita a uma condição de vida digna, estrutura física adequadas ao funcionamento da escola.
IV – O QUE PÕE EM RISCO A CONSTRUÇÃO DE UM ENSINO DE QUALIDADE
Ao longo das décadas temos assistido o desmonte da escola pública de qualidade, que muitos a tem enaltecido como muito boa, naquele momento, poucos tinham acesso a escola pública, a partir do momento que as reivindicações para ampliação do acesso a escola pública para a sociedade brasileira como um todo, a prioridade foi direcionada para ampliação do parque escolar em detrimento da qualidade, o que fica claro pela ausência de política educacional preocupada com a melhoria da qualidade do ensino, sendo substituída por intenções e ações fragmentadas, falta de clareza da política educacional a insegurança gerada pelo sentimento do patrulhamento, da repressão, da competitividade. A história tem nos mostrado que políticas educacionais direcionadas para este tipo de prática pedagógica estão fadadas ao fracasso, foi assim com a tentativa de impor a qualidade total na educação de compreendê-la como espaço empresarial, aos modos capitalistas onde a competitividade, o ranqueamento é o carro chefe, esquecendo que a escola é um espaço democrático e de direito, de convivência com as diferenças e diferentes formas de construção do conhecimento e de tempo pedagógico.
Não é através do monitoramento/policiamento da Dinâmica Pedagógica vivenciada em sala de aula, mesmo quando utilizando para isto, instrumentos e metodologia de fotografia instantânea, no intuito de intimidar o fazer pedagógico do professor, a ser exercido pelos educadores de apoio e técnicos de ensino educacionais que ocorrerá o tão sonhado salto de qualidade. Sem a contextualização das relações estabelecidas entre professor e aluno no processo de ensino aprendizagem é querer buscar culpados e não enxergar em si mesmo como cooresponsável pela escola pública que temos.
Precisamos avançar, avançar e avançar sem o saudosismo e uso de práticas repressoras, que só contribuem para a desintegração das relações escolares. Não entender as relações estabelecidas no interior da escola, é caminhar na contra mão da construção de uma escola pública inclusiva e de qualidade social.
Cleidimar Barbosa Santos
Secretaria de Assuntos Educacionais – SINTEPE