A empolgação com os números do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica de Pernambuco (Idepe), anunciados nesta quinta-feira (9), pela Secretaria de Educação, é questionada pelo Sintepe.
Os resultados positivos que ganharam destaque nos veículos de comunicação não refletem a realidade da educação pública estadual. De acordo com o Idepe, os anos iniciais do Ensino Fundamental tiveram a média 4, enquanto em 2009 foi 3,9 e 3,7 em 2008. Já os anos finais obtiveram a média de 3,4. No ano retrasado a nota foi 3,1 e há três anos 2,7.
Ou seja, em ambas as situações houve uma redução de crescimento na comparação 2009-2010. “Aumentou a nota, mas o crescimento foi menor. Precisamos entender porque houve essa redução”, alertou o presidente do sindicato, Heleno Araújo.
A situação considerada como pior pela entidade foi a do Ensino Médio que em 2008 alcançou a nota 2,6, mas em 2010 manteve os mesmos 3,0 de 2009. “O não avanço do Ensino Médio foi encoberto”, criticou Araújo. A ausência de respostas sobre a diminuição do número de escolas que não elevaram as metas também incomodou o sindicalista.
Para Heleno, a divulgação da Secretaria enfatizou apenas a melhoria da média obtida pelas escolas de referência, 160 das 1.112 unidades do Estado, que representam apenas 5,4% do total da rede. “Não podemos tratar a rede por uma referência. A educação escolar deve ser analisada como um todo e não apenas pelos resultados positivos de uma escola ou um grupo delas”, e citou como exemplo os 5,39 alcançados pelos alunos da Maria Vieira Muliterno, de Abreu e Lima, maior média da avaliação.
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A maneira como os resultados foram apresentados não é a única preocupação do Sintepe. O formato do Sistema de Avaliação da Educação de Pernambuco (Saepe), base de cálculo para o Idepe, também é questionado. Apenas 125.043 alunos do total de 839.209 matriculados na rede estadual foram submetidos ao exame. Os estudantes de 931 escolas só fizeram provas de português e matemática.
“Duas disciplinas não cumprem totalmente o papel de garantir a formação plena dos estudantes. Esse diagnóstico distorcido pode prejudicar a elaboração de políticas educacionais, já que o programa de modernização da gestão escolar do governo tem como base a melhoria nos indicadores”, explicou Heleno.
O Idepe não foi aplicado nas escolas indígenas, quilombolas e que não têm as séries avaliadas.
ENSINO INTEGRAL
Para o presidente do Sintepe, o modelo de ensino integral é positivo porque reforça o estudo de algumas disciplinas e aumenta a concentração em conteúdos. Entretanto, Araújo considera o sistema excludente já que não é aplicado em todas as unidades da rede.
“Dos cerca de 387 mil alunos do Ensino Médio, 91 mil, menos da metade, estão matriculados nas unidades de referência. É uma escola para poucos”, afirmou o sindicalista que contesta também a falta de investimentos na escola de tempo integral para o ensino fundamental, como está previsto no artigo 34 da Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional (LDB):
“A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressivamente ampliado o período de permanência na escola. O ensino fundamental será ministrado progressivamente em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino” .
ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO (IDEPE 2010)
NÍVEL
2008
2009
2010
Anos Iniciais do Ensino Fundamental
3,7
3,9
4,0
Anos Finais do Ensino Fundamental
2,7
3,1
3,4
Ensino Médio
2,6
3,0
3,0