A segunda entrega dos resultados desta pesquisa sobre o desempenho da aprendizagem indica avanços em quase todos os países participantes, mas a maioria dos estudantes ainda apresenta baixos níveis de habilidades em linguagem (leitura e escrita), matemática e ciências naturais.
O estudo inclui a influência de fatores associados à aprendizagem, como status socioeconômico, apoio das famílias, atendimento prévio à educação pré-escolar, pertencimento a populações nativas (autóctones), práticas de ensino, múltiplas formas de violência, entre outras circunstâncias que mais afetam a aprendizagem das crianças na região.
Uma nova rodada de divulgação de resultados do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo (TERCE), coordenado pelo Escritório Regional de Educação da UNESCO para América Latina e o Caribe (OREALC/UNESCO Santiago), apresenta, nesta quinta-feira (30/07/2015), dados sobre o processo de aprendizagem dos estudantes da região e um novo relatório sobre os fatores associados a esse processo. O estudo confirma os avanços e os desafios na superação da crise da aprendizagem que afeta, sobretudo, os mais vulneráveis nos países latino-americanos.
Os resultados provêm de uma grande amostra representativa que envolveu mais de 134 mil crianças do ensino fundamental (no Brasil, do 4º ao 7º ano; nos demais países, da 3a à 6a série) de Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, bem como do estado mexicano de Nuevo León que, em 2013, realizaram os testes nas disciplinas de linguagem (leitura e escrita), matemática e ciências naturais.
O estudo TERCE descreve o que os alunos sabem e são capazes de fazer em função do seu próprio currículo, assim como os situa em níveis de desempenho de acordo com as metas nacionais de aprendizagem do seu próprio país. Esse olhar pode incentivar os sistemas escolares a melhorar internamente e não visa à competição entre os países.
De acordo com o diretor da OREALC/UNESCO Santiago, Jorge Sequeira, “a região tem realizado progressos significativos na alfabetização e na cobertura de seus sistemas educativos, mas ainda permanecem os desafios importantes em termos de qualidade e equidade. O diagnóstico do TERCE recomenda aprofundar seus resultados preliminares e faz sugestões para possíveis intervenções em termos de prática e política educacional, com o objetivo de executar os aperfeiçoamentos necessários”.
Desempenho
O TERCE evidencia que a média regional de níveis de aprendizagem melhorou em todos os anos e áreas avaliadas; porém, a maioria dos estudantes ainda se concentra nos níveis mais baixos de desempenho (I e II), e são poucos os que estão classificados no nível superior (IV). Isso indica o desafio que enfrentam os países da região: o alcance pelos estudantes das aprendizagens que lhes permitam um melhor domínio de conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades avançadas em matemática, linguagem e ciências naturais.
Em cada um dos testes, os países se distribuem em três grupos, no que diz respeito aos níveis de desempenho alcançados: aqueles cuja média é estatisticamente igual à média da região, os que têm uma média significativamente mais elevada e os que têm proficiência significativamente inferior à média. Nessa lógica, os países que estão acima da média regional em todos os testes e anos avaliados são: Chile, Costa Rica e México. Estes são seguidos por Estados participantes que, na maioria dos testes, encontram-se nesse mesmo grupo: Argentina, Uruguai e o estado mexicano de Nuevo León (veja distribuição dos países, de acordo com os resultados em áreas e anos, e comparação com a média regional. PDF em espanhol).
O coordenador-geral do estudo TERCE, Atilio Pizarro, explica a classificação: “O foco dessas categorias não é a comparação entre países ou quem está ganhando a corrida, mas sim identificar o progresso e os motivos do sucesso ou do atraso de um país, além de fatores, políticas, programas e práticas pedagógicas que poderiam explicar tais razões”.
Em relação às médias obtidas, o desempenho dos estudantes em linguagem tende a ser superior ao desempenho em matemática e em ciências naturais. Em alguns países, são registradas diferenças de gênero: as meninas tendem a ter resultados mais elevados nos testes de linguagem, enquanto os meninos se destacam em ciências e matemática (mais informações em Relatório dos resultados de aprendizagem. PDF em espanhol).
Fatores associados à aprendizagem
Uma das contribuições do TERCE que o distingue de outros estudos internacionais é a análise dos fatores associados aos resultados da aprendizagem. O objetivo é compreender sob quais circunstâncias ocorrem as aprendizagens. Essa análise é realizada com a utilização de informações coletadas por meio de questionários dirigidos a diversos atores dos sistemas educacionais nos países participantes, informações que fornecem dados importantes para os tomadores de decisões e para o público em geral, com o objetivo de promover o desenvolvimento da educação e o bem-estar nos países da região.
O TERCE se aprofunda em três variáveis gerais dos fatores associados: características dos estudantes e de suas famílias; características dos professores, práticas pedagógicas e recursos de sala de aula; e características das escolas que se relacionam com a aprendizagem.
O relatório de fatores associados mostra que os resultados da aprendizagem se relacionam positivamente com o status socioeconômico das famílias; o apoio dos pais; a promoção da leitura e o atendimento prévio à educação pré-escolar. Os estudantes que apresentam absenteísmo escolar e que pertencem a grupos indígenas têm desempenho acadêmico inferior se comparados aos estudantes que apresentam baixo absenteísmo às aulas, ou aqueles que não pertencem a uma população autóctone.
No âmbito da sala de aula, os fatores associados que incidem positivamente nos resultados de aprendizagem são o atendimento e a pontualidade dos professores; a disponibilidade de material didático; o ambiente escolar e as boas práticas de ensino. Ao mesmo tempo, a análise das escolas permite afirmar que, em geral, os sistemas educacionais são pouco inclusivos em termos socioeconômicos, que a violência tem um impacto negativo no desempenho, e que os recursos das escolas e sua infraestrutura se associam positivamente com a aprendizagem (mais informações no Relatório dos Fatores Associados. PDF em espanhol).
Informações adicionais
O que é o TERCE?
É o estudo de desempenho da aprendizagem em larga escala mais importante na região. Abrange 15 países (Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai), além do estado de Nuevo León (México).
O estudo avalia o desempenho escolar no ensino fundamental – do 4º ao 7º ano do ensino fundamental, no Brasil; e da 3a à 6a série, nos demais países – em matemática, linguagem (leitura e escrita) e ciências naturais. Seu principal objetivo é fornecer informações para o debate sobre a qualidade da educação na região e orientar o processo de tomada de decisões nas políticas públicas educacionais. No estudo, são aplicados testes para mensurar o desempenho de aprendizagem, assim como questionários para entender o contexto e as circunstâncias em que a aprendizagem acontece (mais em Antecedentes do TERCE e no site do TERCE – em espanhol).
A primeira entrega de resultados do TERCE
A primeira entrega foi realizada em dezembro de 2014 e comparou o desempenho dos estudantes entre o segundo estudo SERCE (2006) e o TERCE. A análise evidenciou uma evolução positiva nos sistemas educacionais dos países que participaram de ambos os estudos. Mais sobre a primeira entrega de resultados do TERCE. (Fonte: OREALC/UNESCO Santiago).
Transmissão via web
O evento de lançamento será transmitido ao vivo na internet, na página da UNESCO em Santiago.
Mais informações:
UNESCO em Santiago
– Carolina Jerez Henríquez
Seção de Gestão de Conhecimento, OREALC/UNESCO Santiago
E-mail: [email protected]
Telefone: (+56-2) 24724607
Celular / WhatsApp: (+56) 992890175 (Chile)
UNESCO no Brasil
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– Demétrio Weber, (61) 2106-3538, [email protected]