Os miseráveis
Ao ler o título acima, você pode pensar que está diante de uma resenha crítica da obra do grande escritor, poeta, romancista e ex-membro da Academia Francesa, Victor Hugo, mas não é nada disso, pois a proposta aqui é um pouco diferente, embora a temática seja também sobre os miseráveis.
Convém, antes de qualquer coisa explicitar o que se convencionou chamar de miseráveis, ou seja, toda pessoa que vive na pobreza extrema com renda de até R$ 70,00 mensais. O Brasil tem atualmente cerca de 16 milhões de pessoas vivendo nessa situação e Pernambuco, um milhão. São os dados do último censo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) faz um levantamento tomando como base de dados o ano de 2009, ainda mais preocupante; pois seguindo uma tendência nacional, a maior parte da população pernambucana que vive nessa situação é formada por crianças de 0 a 14 anos de idade. Em termos percentuais elas representam nada mais, nada menos que o absurdo de 39,7% desse total de miseráveis.
Não é à toa, portanto, que Pernambuco tem em percentuais o primeiro lugar no ranking de jovens infratores do país. Mais que prudente, é uma questão de justiça incluir nas políticas públicas essa parte da população formada em grande número por negros e negras, que historicamente viveram sob forte descriminações. Quais as estratégias dos governos municipais, estaduais e federal para extirpar esta vergonhosa realidade da nossa sociedade?
O Plano Brasil Sem Miséria, do governo federal, traz nos jornais de maior circulação uma página inteira com uma jovem segurando um cartaz tendo como destaque a seguinte frase: “O Brasil cresceu porque a pobreza diminuiu. Já pensou quando acabarmos, de vez, com a miséria?” O plano está estruturado em três eixos, ou seja: Renda, Inclusão Produtiva e Serviços Públicos para alcançar a aceleração do crescimento do Brasil.
Os referidos eixos quando bem analisados não nos revelam que necessariamente estão passando por dentro da escola? Como bem lembrou o diretor de Estudos e Políticas Sociais do IPEA, Jorge Abrahão de Castro “a escola é o caminho mais importante para tentar mudar o quadro de pobreza.”
Percebemos, portanto, que falta muito a realizar na área de Educação em nosso país e principalmente em Pernambuco que no primeiro trimestre deste ano teve um crescimento do PIB de 7,6% enquanto o índice nacional ficou em 4,2%. Os investimentos que chegam ao estado atingem valores nunca vistos antes.
Aumenta, pois, a responsabilidade do governo estadual em investir em educação, nos profissionais da educação, nas condições de trabalho, na estruturação física e de equipamentos bem como material pedagógico da rede de ensino. Ações que simplesmente têm objetivo eleitoreiro de conquista de cargos públicos, dizem respeito ao indivíduo, mas, não é a prioridade da população.
A economia do BRICS, grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul estão diante de uma enorme interrogação: a urgência de investimentos na área de educação, para eliminar a carência de profissionais qualificados, o desequilíbrio na distribuição de renda, a corrupção e enfim a injustiça social. Esse grupo está percebendo a fundamentação entre Educação e Trabalho como forma de desenvolvimento mais justo e humano.
Não esquecendo… Recomendo a leitura da obra “OS MISERÁVEIS” de Victor Hugo.
Edeildo de Araújo
Diretor da Secretaria de Interior do SINTEPE