Setembro de Paulo
Nesse Setembro de 2012 estamos comemorando os 91 anos de nascimento, do eminente Educador pernambucano e mundialmente referenciado, Paulo Freire que nos legou uma prática e um conteúdo Educacional os quais servem de base para uma reflexão quando pensamos em uma educação transformadora, como tão bem colocou na obra Pedagogia da Autonomia. “Uma educação voltada: aos saberes dos educandos; que exige criticidade; que exige estética e ética; que exige a corporeificação das palavras pelo exemplo”.
Nessa perspectiva de educação transformadora, é oportuno também que se faça uma reflexão sobre a conjuntura educacional a que mergulhou o estado de Pernambuco com a eleição de um governo que tem proposta aparentemente socialista, mas no cotidiano caracteriza-se com perfil altamente exclusivista: nas ideias; nas discussões; na busca das possíveis soluções; nos encaminhamentos fundamentais para o êxito da aprendizagem, um socialismo com uma postura narcisista que não dialoga com os trabalhadores em educação e prefere um investimento financeiro altíssimo em marketing para se apresentar à sociedade, como um gerenciamento moderno, na busca incansável por metas onde as pessoas não são vistas como deveriam, mas meras peças de uma engrenagem numa imensa fabrica, tendo que alcançar uma produtividade pré-estabelecida.
A Pedagogia Freiriana aposta na valorização do ser humano, e essa “pedagogia socialista” investe no aspecto físico de algumas escolas. Enquanto o estado alcança índices de relevância no seu Produto Interno Bruno (PIB), sendo o mais elevado de todos os estados do país, fruto de um aporte de recursos nunca antes visto nesse estado, através de repasses do governo Federal, os Professores e Professoras com grau de Licenciatura percebem o pior salário do país.
Embora a nação eleja diretamente os seus representantes nas Câmaras Municipais, Prefeituras, Assembleias Legislativas nos governos estaduais e no Congresso, as comunidades não têm o direito de eleger diretamente os seus gestores escolares. Enquanto um trabalhador com ensino básico e ocupação técnica, por exemplo: na construção civil (edificações), tem salário médio inicial no estado de R$ 2.130,69, um Professor com título universitário e que colaborou na formação desse mesmo trabalhador recebe hoje no início de carreira R$ 1.142,66. Com dez anos de experiência o técnico em edificações estará recebendo R$ 6.150,00 e os Professores pasmem se sobreviver, receberá os míseros R$ 1.334,72. Isso para não falarmos nas condições estafantes das três jornadas de trabalho que o Professor e Professora são submetidos.
Essa tem sido a “pedagogia” adotada pelo governo autointitulado de socialista. Fazemos o seguinte questionamento: que socialismo é esse? Será que os teóricos ainda não conseguiram uma classificação para essa forma de socialismo? Temos hoje no estado um socialismo que poderíamos chamar de socialismos feudal? Onde a única prerrogativa é a posição ocupada dentro e fora da máquina estatal e os benefícios políticos e sociais gerados exclusivamente para um pequeno grupo?
Por certo tudo isso se contradiz com a Pedagogia Freiriana que esclarece “não é possível supor êxitos no campo econômico, sem o alicerce de um povo que se educa para civilizar-se”.
Edeildo de Araujo
Diretor de Formação do SINTEPE e formador da CUT.