CONSTRUÇÃO DA REPRESENTAÇÃO SINDICAL DE BASE (A ORGANIZAÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO)
Edeildo de Araujo*
A expansão do sindicalismo trouxe consigo uma mudança de qualidade na formação e conscientização da classe trabalhadora no Brasil. A consolidação do crescimento do poder de conquistas frente às classes opostas, e do seu poder de influência na sociedade civil, tem demandado a apropriação de conhecimentos científicos e políticos, de novos elementos intelectuais, sobre si mesmo, assim como sobre o conjunto da sociedade.
Este quadro tem demandado dos departamentos de formação sindical emergente, uma dupla tarefa: formar novos quadros de militantes sindicais e auxiliar na construção de uma nova cultura política e organizativa do sindicato, na empresa e na sociedade.
A forma como é utilizado o pressuposto do reconhecimento e valorização do saber dos trabalhadores, merece uma consideração específica. Encontramos uma postura ambígua em várias experiências.
Em um mesmo sindicato, os cursos dirigidos à base tendem a ficar no nível da constatação deste saber e como consequência o processo de aprendizagem, o conhecimento da realidade e o papel do Educador, tornam-se empobrecidos.
Já os cursos dirigidos aos quadros, tendem privilegiar a aquisição dos conhecimentos acumulados historicamente, sem o necessário confronto com a realidade atual e a prática social da categoria. Portanto, este pressuposto perde o seu sentido instrumental de levantamento de práticas sociais concretas, às quais os trabalhadores atribuem significados próprios, que devem ser compreendidos e incorporados junto a novos conhecimentos, facilitando desse modo, o encaminhamento dos problemas apresentados por estas mesmas práticas.
Nessa conjuntura de golpe que o país atravessa é primordial a organização dos trabalhadores nos seus locais de trabalho, priorizando neste cenário de aprofundamento da disputa de concepções e estratégias organizativas, a Formação de seus Dirigentes para que tenhamos uma Representação Sindical de Base que possa traduzir seus anseios, e buscar manter a coerência das nossas análises que apontam como um dos elementos estratégicos do processo de disputa de hegemonia na sociedade, como também o fortalecimento de nossa organização sindical desde os locais de trabalho.
Ao movimento sindical brasileiro, caracterizado por uma estrutura restritiva forjada há mais de setenta anos, bem como à organização mais ampla dos trabalhadores, estão colocados desafios de alta complexidade, dentre os quais se destaca a organização no local de trabalho.
O local de trabalho adquire centralidade quando se pensa a organização dos trabalhadores e a atuação dos sindicatos. Trata-se do marco espacial no qual o trabalhador exerce suas funções, cria relações e passa grande parte do seu dia.
É também no local de trabalho, que emergem as contradições e conflitos entre capital e trabalho, oriundos das condições de sua execução, reivindicações salariais, doenças ocupacionais, acidentes de trabalho, assédio moral, conflitos com chefias e gerentes, entre outros. Dessa forma, o referido local, apresenta-se como espaço prioritário da atuação sindical. E, justamente por esse motivo, que a organização no âmbito da empresa constitui ponto de tensão nas relações entre trabalhadores e empregadores.
*Coordenador Pedagógico da Escola Nordeste da CUT
? Eixo dois, fascículo quatro do Programa de Formação da CNTE.
? A Organização Dos Trabalhadores no Local De Trabalho:
Análise da Disciplina Jurídica no Brasil E na Itália.
? A Formação Sindical e o Novo Sindicalismo:
Análise de Algumas Experiências. Araújo, Joelzito Almeida de. UFMG.