Sindicato dos Trabalhadores e das trabalhadoras em Educação de Pernambuco

Pluralidade e representatividade dão início ao 11º Congresso do Sintepe

Pluralidade e representatividade dão início ao 11º Congresso do Sintepe
O Cântico Negro* abriu os trabalhos do 11º Congresso do Sintepe, ontem (11), no Hotel Canariu’s, em Gravatá. Sob o tema Educação, Escola e Democracia, o poema de José Régio foi inspiração e relembrou sobre a liberdade, o protagonismo, a luta e a resistência aos trabalhadores e às trabalhadoras em educação. O mestre de cerimônia, o poeta Antônio Marinho do Nascimento, acomodou versos para um público de cerca 900 congressistas, convidados/as e equipes de trabalho que – até o dia 14 de novembro – debaterão e decidirão um plano de luta para o Sintepe. A noite era de festa – apesar de toda a luta que precisa ser vencida-, mas com a arte a tarefa fica mais fácil.
Os/as convidados/as abrilhantaram a mesa de abertura com a sua pluralidade. Estavam presentes representantes da CNTE, da CUT-PE, CUT Nacional, CTB, a Conlutas, o Conselho Estadual de Educação, o Fórum Estadual de Educação, a UEP, PT, PC do B, PSTU, MST, Fetape, Dieese, Cátedra Paulo Freire, Centro de Estudos Paulo Freire, Uespe, Sinproja, Fórum LGBT de Pernambuco, Rede de Mulheres de Terreiros de Pernambuco, Sinpmol, e representantes do legislativo, deputados/as Teresa leitão e João Paulo; e a vereadora de Petrolina, Cristina Costa.
De acordo com Fernando Melo, Presidente do Sintepe, a representatividade que compunha a mesa de abertura mostrava algo muito significativo ao longo desses 30 anos. “O Sintepe conseguiu unir instituições, propostas, e diferentes setores por uma sociedade melhor para nós, para os nossos estudantes e para as nossas famílias. Isso mostra como é importante a nossa organização, a mobilização”, pontuou Melo. Todos os movimentos reunidos à mesa de abertura mostravam os diversos personagens que comungam do mesmo objetivo do Sintepe, a luta por um projeto de educação livre, plural, que não pode aceitar censura e menos investimentos, como vem sendo proposto pelo atual Governo Federal.
O Presidente da CNTE, Heleno Araújo, parabenizou o Sintepe pela realização do seu 11º Congresso e pela história de luta que o Sindicato representa. Durante sua fala, convidou todos a participarem das campanhas que a CNTE promoverá em novembro, mês da consciência negra: a luta por uma escola sem racismo e a mobilização pela aprovação do Fundeb Permanente. No dia 27, a Confederação promoverá uma ação por um financiamento permanente para a Educação.
Em sua fala, a Vice-presidente do Sintepe, Valéria Silva, fez uma saudação especial ao movimento estudantil que, junto com os/as trabalhadores/as em educação, tem resistido aos retrocessos do Governo Bolsonaro. A Vice-presidente destacou a importância da amplitude da mesa de abertura 11º Congresso do Sintepe, algo fundamental para este momento de luta, e parabenizou a unidade da categoria, composta de professores, assistentes, auxiliares e analistas.
Após a mesa de abertura, a Comissão de Organização do Congresso homenageou os presidentes e vice-presidentes que atuaram no Sintepe ao longo dos seus 29 anos e ainda os seus dois mais antigos colaboradores: Severina Porpino, Assessora Especial da Secretaria de Aposentados, e Marcelo Figueiredo, artista plástico e profissional da Secretaria de Imprensa do Sindicato. Prestes a completar 30 anos de história, o Sindicato lançou o selo comemorativo de aniversário e, durante o lançamento da marca, o Presidente do Sintepe, Fernando Melo, lembrou que, ao longo das suas três décadas, o Sintepe passou por momentos difíceis, como no governo Jarbas Vasconcelos, em que ficou sem receita por 30 meses e, mesmo assim, não desistiu da sua luta, promoveu mobilizações, paralisações e conquistou melhorias para a classe trabalhadora.
Logo após a homenagem, o Balé Popular do Recife se apresentou para os delegados e delegadas, trazendo a celebração da cultura popular pernambucana, as danças, as festividades, a alegria e o colorido das festas populares do nosso estado.
Foto: Agência JC/Mazella
Cântico Negro*
Vem por aqui” — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: “vem por aqui!”
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali…
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos…
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: “vem por aqui!”?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí…
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?…
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos…
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios…
Eu tenho a minha Loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios…
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

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