Congressistas protestam contra desmonte na Educação e debatem gênero, etnia e saúde do/a trabalhador/a
Hoje (11) o 10º Congresso dos/as trabalhadores/as em Educação, em Gravatá, foi marcado por um ato público que reuniu mais de 600 delegados. Os/as trabalhadores/as em Educação fecharam a BR – 232 no trecho Gravatá – Bezerros para protestar contra as medidas econômicas do governo ilegítimo, o desmonte da educação pública, a retirada de direitos e o descumprimento do acordo de reajuste salarial firmado entre categoria e governo estadual.
Com faixas e cartazes, os/as trabalhadores/as pediam o pagamento do piso salarial da categoria, fora Temer, fora Mendonça e manifestaram sua indignação em relação a Reforma do Ensino Médio e a PEC 241, que agora tramita no Senado como PEC 55. “São medidas que afetam não somente a vida dos trabalhadores do serviço público, mas em 20 anos prejudica a vida das pessoas que utilizam esses serviços públicos”, explicou Fernando Melo, Presidente do Sintepe.
De acordo com Melo, o momento é de união e de unidade da classe trabalhadora no sentido de garantir que direitos conquistados ao longo de décadas não possam ser agora, ao longo de poucos meses, retirados daqueles que lutaram e deram sua própria vida para que hoje pudéssemos usufruir desses direitos. A paralisação do dia 11 de novembro foi uma proposição das centrais sindicais. O Sintepe consultou a categoria sobre sua adesão, que venceu por 92% dos votos. A consulta foi referendada em Assembleia Geral.
Após o protesto, o 10º Congresso seguiu com a mesa de debates sobre Políticas Permanentes. Como convidados/as, a mesa contou com a presença de Berenice D’Arc Jacinto, pedagoga e Secretária Executiva da CNTE; Wanderson Flor do Nascimento, Mestre em Filosofia e Doutor em Bioética professor do departamento de Filosofia da UnB; e Schirlei Azevedo, Membra do Fórum Nacional de Militantes em Saúde do Trabalhador e integra o Coletivo de Saúde do Trabalhador (CUT-SC).
Berenice Jacinto se dedicou a discutir sobre uma política permanente voltada para as mulheres, principalmente com o governo ilegítimo. Como forma de exemplificar esse pensamento, ela citou o Projeto Criança Feliz, dirigido por Marcela Temer, e que aponta para a volta do assistencialismo. “O cuidado se torna o foco da atenção quando o foco deveria ser creches e políticas públicas”, explicou.
O Estatuto da Família a Lei da Mordaça também foram citados, uma vez que eles retiram a autonomia dos professores/as e promove a discriminação de famílias que não se enquadram dentro do modelo proposto no Projeto de Lei. “A questão de gênero perpassa por toda a discussão sindical e é necessário ter uma política permanente e discutir os eixos, como saúde, gênero, raça e sexualidade”, concluiu.
O professor Wanderson do Nascimento aprofundou o debate e discutiu com os/as congressistas como a religião e a identidade de etnia também perpassa pelo mundo do trabalho, inclusive como a percepção de trabalhos pesados, ligados à execução e consequentemente com salários mais baixos estão simbolicamente ligados às pessoas negras. “No nosso país, a pobreza tem cor e sexo, e não há democracia quando tratamos pessoas diferentes seja por cor e sexo ”, afirmou.
Segundo o professor, é preciso estar vigilante e resistir a essas violências porque os preconceitos e as discriminações ultrapassam barreiras e se agigantam. A homofobia, por exemplo, afetava apenas os gays. Hoje, pais, filhos e irmãos são vítimas de violência quando demonstram carinho uns pelos outros.
Em relação à saúde do trabalhador, Schirlei Azevedo trouxe dados alarmantes. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 5 mil pessoas morrem por dia em função do trabalho, e, a cada 15 segundos, 115 pessoas têm acidades de trabalho. O número preocupa e demonstra como o/a trabalhador/a é visto como uma engrenagem do mundo do trabalho e que não recebe o respeito e os cuidados necessários. A precarização vem aumentando esses índices e constitui um novo risco no mundo do trabalho, impondo aos trabalhadores novas patologias.
Essa precarização está ligada diretamente ao desmonte do trabalho protegido por lei por meio das novas formas de contratações, como as terceirizações e os contratos temporários. Para Azevedo, o governo ilegítimo aprofunda esse cenário de precarização quando propões a PEC 55 e diminui a importância do Ministério da Previdência.