Sindicato dos Trabalhadores e das trabalhadoras em Educação de Pernambuco

Os desafios para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Recife são debatidos em audiência pública

Com informações da Câmara dos Vereadores do Recife,

No último dia 27, o Sintepe participou de uma audiência pública na Câmara dos Vereadores do Recife sobre o programa de Ensino de Jovens e Adultos (EJA), uma modalidade de ensino tendo como público alvo as pessoas que não completaram, abandonaram ou não tiveram acesso à educação formal na idade apropriada. A audiência pública teve o objetivo de debater demandas e sugestões ao EJA na capital pernambucana e foi convocada pela vereadora Liana Cirne (PT) com o tema “os Desafios para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Recife”.

Marília Cibelle, diretora da Secretaria para Assuntos Educacionais no Sintepe, falou sobre o fechamento das turmas de EJA em algumas escolas. “A Escola Trajano Chacon, por exemplo, ampliou as turmas em tempo integral e fechou as turmas de EJA. Isso fez com que os alunos se evadissem do sistema porque tiveram que ir para outras escolas, imagina no campo. O analfabetismo tem cor, raça, gênero e localidade, porque ele está concentrado no campo. Lá, os estudantes precisam sair da zona rural para se deslocar até o centro da cidade para estudar, e tudo isso à noite, mas temos um recorte maior de pessoas idosas, que passam o dia trabalhando na lavoura, e como elas vão pegar um ônibus à noite para estudar no centro?. É crucial e urgente a ampliação do acesso à educação em todas as cidades”.

“Nós temos números alarmantes do analfabetismo no Brasil. São 9 milhões e 400 mil pessoas não alfabetizadas. Pessoas que não conseguem ler um contrato, nem ler os seus direitos. A alfabetização é porta de entrada e de acesso à cidadania e ninguém é não alfabetizado porque deseja. Em Pernambuco, a média é de 11% e a média de pessoas idosas não alfabetizadas é de 30%. A cada 10 pessoas idosas em nosso Estado, três não podem ler. Tem que ter metodologia, incentivos e ofertas em turno e contraturno”, disse Liana Cirne.

A professora Cláudia Borges Costa, diretora de Políticas de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECAD), do Ministério da Educação, ressaltou a importância dos movimentos sociais e anunciou que o Ministério está formulando uma Política Nacional com foco na Alfabetização de Jovens e Adultos. “A gente sabe o quanto que os movimentos sociais e a educação popular são importantes para a EJA. O Ministério da Educação está fazendo um desenho da nossa Política Nacional com foco na alfabetização e também analisando a qualificação da educação de jovens e adultos como um todo. Estamos traçando um Pacto Nacional pela Alfabetização e Qualificação da Educação de Jovens e Adultos e convidamos todos para pensar as diretrizes curriculares da EJA, ano que vem. Faremos um movimento em todo o país”.

Cinthia Santos, coordenadora do Fórum EJA de Pernambuco e Nacional, destacou sugestões e demandas que podem contribuir para o EJA. “Recife precisa organizar um percurso de qualificação profissional para os estudantes que hoje fazem parte do sexto ao nono ano da fase 2. Uma outra questão é que nós precisamos ampliar o debate do fórum de EJA Recife a partir da realidade escolar, garantindo uma participação ampla. Devemos fomentar a diversificação curricular dentro do ensino médio porque a oferta da EJA não é só municipal, é estadual também. É preciso fazer na rede um reordenamento com dados, junto ao censo, pesquisas e arranjos produtivos da realidade da população recifense para que não ocorra o fechamento de turmas onde têm demandas de matrícula e/ou aberturas de turmas e possibilidade de abertura de turmas em horários, não apenas no noturno, conforme está determinada numa lei federal”.

Heleno Araújo, professor e presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), ressaltou que era preciso efetivar o Plano Nacional de Educação de forma concreta e fez uma sugestão à EJA. “Criar um programa para que as associações de moradores e as escolas possam chegar nessas pessoas em cada bairro da nossa cidade e em cada bairro dos municípios do nosso país”.

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