Sindicato dos Trabalhadores e das trabalhadoras em Educação de Pernambuco

Manifesto Nº 1

Manifesto Nº 1
Certa vez ouvi dizer que ser professor era a profissão mais bonita do mundo. E, acreditei nisso. Noutra ocasião, ouvir dizer, de alguém numa posição importante para a categoria, que ser professor é trabalhar por amor, e por isso era lindo, era um ato de entrega e dedicação. O que no momento exato retruquei “deve ser por isso que não se ganha dinheiro, porque onde há dinheiro não pode haver amor, senão deixa de ser por afeto e vira prostituição”.
Não obstante, por onde ando, escuto, percebo, vejo , sinto um quê de desestímulo , de falta, ou de ausência que não consigo definir na real do quê ou de quem seja. Há uma lacuna. Possivelmente começou com uma fresta, uma brecha, um arranhão, uma mancha na profissão. Não se deu importância. Cresceu. O suficiente para ser hoje uma ausência. Ausência de tudo, de tanta coisa. Que a única coisa presente é a falta.

Assisto de perto a falta de coragem de muita gente, gente grande, gente pequena, de uma minoria no poder e de uma maioria que é minoria sem poder, sem nada. Ou, com tudo, com tudo que aflige, que humilha, que maltrata. Com tudo… Contudo não há nada. Não há mais sonhos. Não há mais crédito. E, pensar, por um instante que seja que não haja mais sonhos… Me desespero.

Sem esperança estão os olhares distantes numa platéia que se ocupam, se preocupam com a hora, com passar de um tempo porque a solução não vem. Distantes. Estão os que comandam, pois têm certeza que somos e estamos fragilizados, imobilizados. E, nessa altura do campeonato, precisa-se de um culpado. Presidente do Sindicato. Governador do Estado. Salário. Todos. TODOS!!!!!!!!!!! Bradam vozes invisíveis. Menos eu.

Eu não. Não tenho poder de liderança, não tenho confiança, eu não mudo nem a minha convicção que se abala com falácias. Eu não mudo nada. Nem a minha casa. Não tenho. Não mudo porque assisto as mudanças que não faço. Paralisado. Bois nos pastos. Comandados. Se a culpa é minha eu a coloco em quem eu quero. Você , ei psiu! Você , sim! CULPADO! Não sei nem o porquê! Culpado!

Culpado de minha inércia, culpado de minha falta, da minha falta de vontade de mudar, de acreditar que eu posso ser eu , que não será o outro com uma mentira, seja ela uma verdade disfarçada, infundada que mudará meu rumo, meu turno.

Quando a falta entra ocupa, resiste, invade e qualquer certeza se suicida. A atual falta de coragem de uma categoria linda é uma assassina de verdades, de caráter, de dignidade. Assim sendo, qualquer coisa… VALE!

Luciana Sales
Professora da Rede Estadual de Pernambuco

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