9º Congresso Estadual de Educação
Plano de luta para os próximos dois anos começa a ser definido no 9º Congresso do Sintepe
Instância máxima de deliberação dos trabalhadores em educação, o 9º Congresso do Sintepe recebe, este ano, o tema: Educação Básica, direito do/a cidadão/a, dever do Estado. A atividade será realizada até o dia 28, no Cabo de Santo Agostinho.
Na abertura do Congresso, os mais de 900 delegados eleitos nas escolas para participar da atividade assistiram a uma apresentação de grupo cultural que enfatizou os ritmos da cultura nordestina. Terminada a parte cultural, começou as formalidades, e entre as vozes presentes na mesa de abertura estavam: o presidente da CUT-PE, Carlos Veras, o presidente da CNTE, Roberto Leão, o presidente do Sintepe, Heleno Araújo, a deputada Teresa Leitão, atual assessor da liderança do governo no Congresso Nacional, Carlos Augusto Abicalil. Da CUT, Carlos Veras defendeu o Sassepe e parabenizou os educadores pelo Congresso, enfatizando a importância dos mesmos para a luta dos trabalhadores no Estado. Roberto Leão enfatizou a importância dos movimentos de rua e o peso que a imprensa atribuiu a eles. O sindicalista ainda avaliou a educação como sendo disputa de projeto e fez referência à citação da parlamentar Teresa Leitão, quando ela disse, que o ataque à política é contra a nossa capacidade de mobilização. Ele ainda frisou a necessidade da defesa da democracia, na manutenção do Piso e na continuidade de novas lutas. O presidente do Sintepe e secretário educacional da CNTE, Heleno Araújo definiu a coletividade em prol da classe trabalhadora. A ação do movimento sindical não se dá de forma coorporativa, as famílias, os pais, as mães, estão inseridas no espaço de mobilização. “É debatendo diretamente, cara a cara, que apresentamos o melhor caminho para educação”, pontuou Araújo. O sindicalista ressaltou que o Estado precisa universalizar o ensino às crianças de 4 a 17 anos em Pernambuco, garantir a alfabetização a um milhão e 400 mil pessoas ainda não alfabetizadas e incluir 219 mil crianças que estão fora das unidades de ensino, nas escolas públicas. Ao som de um bom congresso, a mesa de abertura foi encerrada com a participação de entidades como: CNTE, CUT/PE, CTB Nacional, SEE, CEE, Comissão de Educação da Alepe, UNDIME, UNCME, FEE, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, AMPA-PE, UESPE, Conlutas. Logo depois da mesa, Carlos Augusto Abicalil, explanou o papel do movimento sindical e fez referência também à praça pública, porque é lá que se constrói a identidade coletiva. “Afirmação coletiva é um exercício, a cidadania não substitui identidade de classe”, lembrou. Quanto ao processo de municipalização, prática recorrente do Estado de Pernambuco, ele lembrou que a atividade significa repassar aos municípios que estão com a forca (corda no pescoço) a responsabilidade e decuplicar a participação da União em financiar a educação básica do país. Abicalil critica ainda o desenvolvimento de Pernambuco, na forma como está sendo feito, porque está sendo implementado contra pessoas e não contra sistemas, na tentativa de afirmar mudanças como processo. A tranquilidade da voz dele revela um posicionamento mais afirmativo quando finaliza, “Eu passarinho, eles passarão!” No dia 26, participantes do 9º Congresso, estiveram reunidos para ouvir debate sobre Conjuntura Internacional, Nacional, Estadual. Na ocasião, estiveram presentes nomes como: o ex-prefeito da cidade do Recife, João da Costa, a diretora executiva da CUT Nacional, Jandyra Massue Uehara e o presidente do Centro de Estudos da Mídia Barão de Itararé, Altamiro Borges. Inseridos em uma conjuntura global, em que as ações realizadas nos grandes centros de poder, refletem nas cidades subdesenvolvidas. Os projetos desenvolvidos normalmente ganham dimensões diferenciadas a depender da forma como a política é implementada e vivenciada nos países periféricos. O trabalho no sistema capitalista tende a gerar problemas de saúde, pela forma como a produção é estabelecida porque além do trabalhador ter que fazer parte da produção, ele também produz valores e a política de responsabilização dos docentes produz adoecimento. Indo na contramão do desenvolvimento de qualquer nação, a educação não acompanha o crescimento econômico. No debate sobre política educacional, a deputada Teresa Leitão, enfatizou as dificuldades de se implantar projetos que beneficiem os trabalhadores em educação, frente a um governo que não dialoga, e em vários momentos toma atitudes que não condizem com o propósito de um gestor público que tem como objetivo desenvolver com consequência um Estado. Na quarta-feira (27), dados da realidade educacional no Estado e saúde do trabalhador foram temas debatidos. A professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Dalila Andrade do Gestrado apresentou uma pesquisa intitulada: “O Trabalho Docente na Educação Básica no Brasil”, e tem como objetivo subsidiar a elaboração de políticas públicas no Estado e no país. A pesquisa conta com métodos quantitativos e qualitativos, para analisar o trabalho docente nas dimensões quantitativas. Os dados em Pernambuco foram colhidos entrevistando 982 docentes e 613 funcionários. Andrade afirmou que não é a educação que adoece os trabalhadores porque no fundo do campo epistemológico, o que adoece é a forma como o trabalho está organizado porque além da produção, o trabalho produz valores. Segundo a pesquisa, ficou claro que 13,6% dos respondentes se afastaram da profissão por angústia, depressão, estresse. “Essa política de responsabilização dos docentes tem sido uma política que adoece professores porque além de responsabilizar os alunos, responsabiliza os docentes por gerir e produzir as condições de trabalho”. Os participantes da atividade conheceram por meio da voz da mestra e doutora em educação e especialista em Direitos Humanos, Aída Monteiro, que o professor é o sujeito que traz elementos para o conhecimento. “Agora, qualquer estranhamento é bullying. Nós, mulheres precisamos assumir outro papel, a exemplo dos lemas comentados por uma menina paquistanesa Malala, (na luta global contra o analfabetismo, a pobreza e o terrorismo). Segundo Monteiro, uma caneta, um livro, um caderno podem mudar a realidade. A educação muda o mundo”. As condições de saúde dos trabalhadores em educação foi o tema do debate enfatizado pela vice-presidente do Sintepe, Antonieta Trindade. No período recente, o tema tem ganhado repercussão das entidades sindicais, porque as últimas pesquisas apontaram o crescimento dos casos relacionados aos transtornos mentais. Na opinião de Trindade, a precarização do trabalho no capitalismo tem levado o trabalhador ao adoecimento. Outro aspecto apontado por ela está à necessidade da sobrevivência do profissional, que precisa ter dois ou mais vínculos empregatícios devido aos baixos salários. “Levamos para nossa vida uma carga de trabalho que não suportamos fisicamente, nem psicologicamente. As políticas que adotam a eficiência e eficácia transformam a escola em ditadura militar”, bradou. A readaptação funcional foi outro assunto abordado, e se concedida agrava o adoecimento do servidor e ele também é escanteado pelos colegas. O Sintepe em conversa com representantes do governo disse que não aceita nenhum tipo de punição quanto aos readaptados. Trindade defendeu ainda a importância de se ter uma avaliação periódica, da situação de saúde dos trabalhadores para pensar em políticas preventivas. A garantia de direitos perpassa também na luta pela melhoria das condições de saúde. SINTEPE – CNTE – CUT
SINDICATO DOS TRABALHADORES E DAS TRABALHADORAS EM EDUCAÇÃO DE PERNAMBUCO
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