Sindicato dos Trabalhadores e das trabalhadoras em Educação de Pernambuco

1° Encontro Estadual sobre a diversidade sexual reúne mais de 180 pessoas

1° Encontro Estadual sobre a diversidade sexual reúne mais de 180 pessoas
Com o auditório do Sintepe lotado, começou na noite desta quinta-feira (15), o 1° Encontro Estadual sobre a diversidade sexual – LGBT, com o tema Escola sem Homofobia. O objetivo do evento é contribuir para que a escola seja cada vez mais um espaço democrático, sem discriminação e preconceito, tendo como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Na mesa de abertura coordenada pelo professor José Ivo, estavam o diretor do Sintepe, Fernando Melo, a diretora Valéria Silva, a deputada estadual Teresa Leitão, o vereador Jurandir Liberal, o assessor especial da diversidade do governo do Estado, Rildo Veras, da Secretaria de Educação estava Luciano Carlos, entre outros. O primeiro a falar foi Fernando Melo. O sindicalista enfatizou e parabenizou a entidade por promover esse Encontro, aliás, todos os presentes agradeceram por participar de um momento como esse. “Pra gente conviver na diversidade é preciso buscar o entendimento”. E ainda completa “Temos que construir um novo conceito de respeito para que a gente se sinta na plenitude. A gente não quer só a escola sem homofobia, mas o mundo sem homofobia”.
Em seguida, Valéria Silva deixou o recado. “Essa luta passa pelos direitos humanos. É um direito do cidadão ter a opção que quiser”. Para a sindicalista as pessoas não podem ser guetizadas, separadas, todos os seres humanos são cidadãos e merecem respeito. Segundo o asssessor do Estado, Rildo Veras, por muito tempo a escola perpetuou preconceitos e agora essa mesma escola assume o papel de esclarecer a sexualidade. Precisamos repeitar às diferenças. Esse Encontro servirá para trazer provocações. E terminou com um texto do educador Paulo Freire. O escrito diz “Ninguém vive bem sua sexualidade numa sociedade tão restrita, tão hipócrita e falseadora de valores; uma sociedade que viveu a experiência trágica dainterdição do corpo com repercussões políticas e ideológicas indiscutíveis; uma sociedade que nasceu negando o corpo. Viver plenamente a sexualidade sem que esses fantasmas, mesmo os mais leves, os mais meigos, interfiram na intimidade do casal que ama e que faz amor, é muito difícil. É preciso viver relativamente bem a sexualidade. Não podemos assumir com êxito pelo menos relativo, a paternidade, a maternidade, o professorado, a política, sem que estejamos mais ou menos em paz com a sexualidade”. Paulo Freire.
Vanildo Bandeira do Fórum LGBT Pernambuco, iniciou sua fala afirmando “O que queremos é fazer com que nossos direitos sejam garantidos para que possamos vivenciar o que somos”. O profissional ainda fez referência à Constituição Federal, como asseguradora de direitos e conclui dizendo que ninguém pede para nascer homossexual, portanto, ele é ser humano como outro qualquer.
A deputada Teresa Leitão deu um tom mais brando às conversas. A ex sindicalista reforçou “Há uma demanda da sociedade democrática, inclusiva, o respeito às pessoas, aos Direitos Humanos. Lutamos por uma escola inclusiva e para felicidade de todos”. Ao final, abriu para debate. Os participantes explicitaram as opiniões à respeito do primeiro dia do Encontro estadual sobre a diversidade sexual. Em seguida, os presentes jantaram e presenciaram o show de Elza.
Tarde de sexta-feira (16) – No segundo dia de Encontro, tarde de sexta-feira (17), os participantes ouviram o representante do Instituto Papai, Thiago Rocha. Para ele a escola é um espaço que formaliza conhecimento, promove e facilita aprendizagem sobre o mundo. O educador ainda questiona “Como trabalhar sexualidade nas escolas?” E logo em seguida sugere, “é necessário construir alianças, parcerias porque a escola sozinha não será responsável em mudar. A escola sozinha não será responsável em mudar um plano de ação junto com outros professores”.
Do Grupo Prevenção Doença Sexualmente Transmissíveis DST/AIDS, (SATYRICON), Cristiano de Oliveira, expôs o recado baseado no trabalho desenvolvido pelo governo federal em parceria com os Estados. “Quando a AIDS entra no Brasil, ela traz a discussão dos gays, das lésbicas, dos bissexuais e dos travestis. As políticas afirmativas começam a ser trabalhadas”. Ele ainda alfineta a grande mídia. Segundo Cristiano os grandes meios de comunicação precisam ser mais objetivos nas formas de prevenção. Pensando em dados mais concretos sobre os índices da doença no Estado, o grupo desenvolveu uma pesquisa e constatou que 70% das pessoas com AIDS, eram heterossexuais e 5% eram homossexuais. E finaliza “A gente está para contribuir para uma vida melhor para o cidadão”.
Representante da Secretaria Estadual de Saúde, François Figueirôa iniciou dizendo que as pessoas falam de AIDS e esquecem as outras doenças. Ele elabora questionamentos, quantos de nós temos cuidado com alimentação, quantos de nós fazemos exercícios físicos? Segundo François, pouco se fala de sobre às infecções por hepatite B, C, HTLV. Existem três formas de pegar AIDS, uma, é nascer de uma mulher com HIV, outra, é entrar em contato com sangue de quem tem AIDS e a terceira, com a secreção na hora do ato sexual.
A voz do Instituto Papai foi Sirley Vieira, sugeriu que os conteúdos do debate fossem levados para as escolas e os trabalhadores em educadores podem pensar em ações para serem desenvolvidas no Estado, quando o assunto é AIDS. Sirley também lembra o juízo de valor e o preconceito que as pessoas reproduzem. “O educador precisa refletir a partir de si. Educação é um campo que precisa ser desafiado” ressaltou. E completa “Temos que levar as reflexões para transformar os espaços que circulamos”. Em seguida, foram realizadas oficinas entre elas, Árvore do Prazer – Vivendo e Convivendo com HIV – AIDS com o facilitador Horácio Barros, Organização das Prostitutas e Prevenção DST/AIDS com as facilitadoras Nanci Feijó e Vânia Rezende da Associação das Prostitutas e Travestis e Transsexuais ministrada por Chopely Glaudystron. A criatividade esteve presente em todas as oficinas, em forma de teatro, folhas penduradas em cordões e cartazes.
Manhã de sábado, dia 17 – Nem parecia ser sábado. Os participantes do 1° Encontro estadual sobre a diversidade sexual – LGBT, que recebeu o tema Escola sem Homofobia, continuavam interessados nos debates. O último dia serviu para apresentação de sínteses elaboradas na tarde anterior. Nanci explicitou trechos do trabalho realizado no dia anterior e o papel da Associação na sociedade. Entre os princípios destacados por ela estavam: as prostitutas tem o direito de ir e vir como outro cidadão, a prostituição é uma profissão e pode ser exercida por maiores de 18 anos, a associação é contra a exploração sexual de crianças e adolescentes, repudia também o tráfico de seres humanos, recusa a vitimização das prostitutas e reconhece-nas como prestadora de serviço sexuais. Com o senso de humor aguçado, Nancy diz que há 34 anos é prostituta, “comecei por conta de uma desilusão amorosa e depois não parei mais”.
Suely Dantas falou em nome de quem esteve na oficina travesti e transexualidade. Entre os fatores que chamaram atenção da educadora foi “Descobri que o travesti com uma determinada idade quer ser reconhecido como sexo oposto. Aí muda as roupas e criam nome social”. “Já a cabeça do transsexual não se identifica com órgão sexual” reforçou. No fim da manhã, foi criado um Coletivo de Gênero para tratar sobre o tema. Entre tantas discussões e debates consistentes, resta saber se de fato, os conteúdos do 1° Encontro estadual sobre a diversidade sexual será levado para as escolas. Foi pensando nessa possibilidade que o Sintepe contribuiu ainda mais por uma escola democrática, inclusiva e livre de preconceitos.
Fotos: João Carlos Mazella

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